A crise - TVI

A crise

  • Portugal Diário
  • Fernando Calisto
  • 5 mar 2009, 17:57

Tenho pena que a entrevista não se tenha debruçado mais para a crise internacional e os caminhos do futuro. Sabendo que o Dr. Mário Soares é uma voz não alinhada com o que se passou no mundo nas últimas décadas, deixo aqui o meu humilde contributo:

A crise que vivemos desde 2007 permite tirar várias ilações para melhor encontrarmos soluções para o futuro.

Algumas verdades que não sabia:

1.Os grandes economistas mundiais podem estar errados.

2.Os valores transaccionados em bolsa são 15 vezes o valor existente.

3.As crises não são evitáveis (Ex. Suécia, Argentina, Japão).

Algumas verdades que sabíamos, mas não prestamos atenção:

1.A nossa capacidade de consumo é ilimitada.

2.Os nossos recursos são limitados.

Algumas ¿verdades¿ a rever:

1.A primazia da Economia em detrimento da Politica.

2.A auto regulação.

3.Globalização sem critério

4.Off-Shores

5.Especulação bolsista

A Globalização.

A Globalização em si, é um bem para a humanidade e promove, sem qualquer dúvida, o desenvolvimento. No entanto, tal como o homem e as suas realizações, não é perfeita, e principalmente, a sua aplicação tem limites.

Este endividamento crescente das últimas décadas, tem escondido a deslocalização da produção de bens transaccionáveis para bens não transaccionáveis.

Quando globalizamos o mercado europeu, o resultado é um desenvolvimento mais acelerado dos países mais atrasados levando ao enriquecimento global do sistema. Quando globalizamos os EUA e a Europa, mercados com idêntico desenvolvimento, o resultado é maior concorrência que leva a realização de melhores produtos e serviços.

Será que isto pode ser replicado para a Europa/EUA e a China/Índia?

A globalização, entre mercados com grandes diferenças de nível de vida/custos de produção, só é possível, se o mercado mais rico for maior que o mais pobre, de forma a conseguir absorver o impacto do diferencial de custos.

Tem-se falado muito de ética e bom senso, e de quanto isso faltou nas últimas décadas, não posso estar mais de acordo.



Não é possível aceitar que uma fábrica com todos os critérios de eficiência não possa existir na Europa, tal como se está a ver com o caso Qimonda. Segundo as explicações vindas a público, uma das razões, vem de concorrentes asiáticos estarem a ser ajudados pelos seus governos. Se isto é verdade e o Ocidente aceita passivamente ¿ acho que falta aqui algum bom senso.

Onde está o bom senso quando é economicamente rentável vender na Europa um tinteiro reciclado para uma impressora, vindo da China que possivelmente foi para lá vazio dos EUA? (e quando vazio é para deitar fora).

A opinião dominante leva-nos a pensar que o mercado regula o que podemos ou não produzir / onde podemos ou não produzir, penso isto é verdade dentro de certos limites.

A Europa vai deixar de produzir memórias, como deixou de produzir computadores e electrodomésticos, os automóveis vão a caminho, seguir-se-á a indústria aeronaútica e já agora o armamento!!

É de notar que já estamos a falar em produtos de alta tecnologia e não de brinquedos, têxteis e calçado, argumento usado a 10 anos.



Tal como se definiu regras para a concorrência e limites aos monopólios, e isso é pacificamente aceite nas sociedades mais liberais, porque não criar outras ¿balizas¿ no comércio mundial.



Algumas ideias:

1.Definir áreas homogéneas de comércio, suficientemente grandes para que permitam elevada competitividade.

2.Para se vender numa determinada área homogénea é necessário que uma determinada percentagem seja produzida nessa área.

3.Todas as áreas homogéneas deveram ser, tanto quanto possível, auto-suficientes numa determinada percentagem.

4.Como lidar com o Trabalho, um recurso limitado no futuro.

Com os melhores cumprimentos

Fernando Calisto
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