Governo tem de "arcar com responsabilidade" após expetativas criadas a professores - TVI

Governo tem de "arcar com responsabilidade" após expetativas criadas a professores

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  • 8 set 2018, 15:55

Líder do PSD diz que o Executivo tem a obrigação de ser coerente com o discurso política e dar resposta à contagem de todo o tempo de carreira

O líder do PSD, Rui Rio, afirmou hoje que o Governo tem de dar uma resposta e "arcar com a responsabilidade" de ter criado expetativas aos professores no sentido da contagem de todo o tempo de carreira.

O Governo anunciou na sexta-feira que vai avançar unilateralmente com a sua proposta de contagem de tempo de serviço congelado aos professores, devolvendo em janeiro de 2019 apenas dois anos, nove meses e 18 dias, dos mais de nove anos reivindicados pelos sindicatos.

Era quase evidente que não ia haver acordo, dada a posição dos sindicatos e do Governo e a margem que o Governo tem não dá possibilidade de conciliar. Aí, é o Governo que tem de dar uma resposta. Não sou eu, nem é o sindicato que tem de dar uma resposta", disse Rui Rio em Castanheira de Pêra, no distrito de Leiria.

Para o presidente do PSD, "se foram criadas expetativas aos professores para se contar todo o tempo de carreira, agora [o Governo] tem de arcar com a responsabilidade de o ter feito".

Há um discurso político que nos empurra para uma dada situação. Se o discurso político é de uma economia saudável, é de estarmos praticamente no país das maravilhas e que os professores têm toda a razão, então de que é que se está à espera se não dar a razão aos professores, porque há folga? Mas, agora - no momento de dar -, já não há folga", criticou.

Rui Rio falava aos jornalistas na Praia das Rocas, em Castanheira de Pêra, um dos concelhos mais afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande, em junho de 2017.

Sobre as suspeitas de irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelo fogo, o líder social-democrata salientou que é necessária uma "ação célere da justiça e do Ministério Público", para que "rapidamente fique clarificado e emendado, na medida do possível".

Questionado se o Governo falhou no acompanhamento dos processos de reconstrução, Rui Rio disse que seria "fácil dizer que o Governo podia estar mais atento".

"Mas, dada a dimensão do que estamos a falar à escala local, do ponto de vista humano, ultrapassa tudo. Temos de apurar as responsabilidades. Conseguir atacar muito o Governo não é isso que me preocupa. Preocupam-me as pessoas. Não é justo, não é correto, tem de ser emendado", vincou.

Já sobre a possibilidade da recondução do Chefe de Estado-Maior do Exército, Rui Rio adota a mesma postura que assumiu com a eventual recondução da procuradora-geral da República.

"Esses cargos não devem ser partidarizados", salientou, considerando que os políticos não devem ter sentido de Estado apenas quando estão em lugares públicos.

O líder da oposição, frisou, "tem de ter sentido de Estado porque quer ser primeiro-ministro. Se quer ser primeiro-ministro, tem de mostrar sentido de responsabilidade e não andar aqui numa cacofonia completa".

Rio e "a arte e engenho do partido” 

O presidente do PSD, deixou hoje o desafio para que "a arte e engenho do líder seja a arte e engenho do partido", acreditando que, de outra forma, os sociais-democratas não vão ganhar as legislativas, em 2019.

O meu desafio: Que a arte e engenho do líder seja a arte e engenho do partido, se não não vamos ganhar", sublinhou Rui Rio aos jornalistas durante a visita à Praia das Rocas.

Segundo Rui Rio, o trajeto do PSD para as legislativas "é obviamente difícil", chamando a atenção para aquilo que aconteceu, quer em eleições autárquicas quer em legislativas, desde o 25 de Abril até agora: "Quem está no poder - é fácil de entender - tem uma facilidade que quem está na oposição não tem".

Face aos resultados eleitorais em democracia, Rui Rio acredita que precisa de ter "a arte e engenho de contrariar isso".

E para ter a arte e engenho para contrair isso e conseguir ganhar as eleições, eu preciso de ter o PSD com a mesma arte e engenho", frisou.

Questionado inicialmente pelos jornalistas sobre as críticas de vários sociais-democratas às declarações que proferiu na sexta-feira, em que aconselhou os críticos internos a saírem do partido, Rui Rio não quis comentar essa questão, referindo que colocou um "ponto final parágrafo" na situação.

Que nós temos possibilidades de - até nem gosto de exagerar e de dizer ganhar as eleições - mas de chegar a outubro do próximo ano e estar a discutir as eleições taco a taco, já estou farto de dizer. Já ando nisto há muitos anos, sei o que estou a dizer, têm de crer. Têm de vir comigo", salientou, já no final das declarações à imprensa.

Rui Rio visitou a Praia das Rocas, na Castanheira de Pera, no âmbito do primeiro Encontro de Verão das Mulheres Social Democratas.

Na sexta-feira, o presidente do PSD rejeitou falar sobre a eventual recondução da PGR antes de a questão ser colocada pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República, e aconselhou os críticos internos que discordam "estruturalmente" a saírem do partido.

No mesmo dia, vários sociais-democratas, incluindo o deputado Carlos Abreu Amorim e o ex-vice-presidente Carlos Carreiras, criticaram, na rede social Facebook, o líder do PSD, Rui Rio, por ter aconselhado as vozes discordantes a saírem do partido.

 

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