Oposição quer esclarecimentos sobre demissão de Adelino Salvado - TVI

Oposição quer esclarecimentos sobre demissão de Adelino Salvado

Salvado PJ 150

PS, PCP e Bloco de Esquerda exigiram hoje ao ministro da Justiça, José Pedro Aguiar-Branco, mais esclarecimentos sobre as razões que levaram à demissão do director nacional da Polícia Judiciária, Adelino Salvado.

O Governo aceitou a demissão do director Nacional da PJ, que, em comunicado, se queixou «de «violentos ataques» que no seu entender visam afectar a sua honorabilidade e a da instituição, e de «uma clara situação de isolamento perante a tutela política».

A demissão de Adelino Salvado surge dias depois de ter sido noticiado o alegado roubo de cassetes com gravações de conversas telefónicas de um jornalista do Correio da Manhã, no âmbito do processo de pedofilia da Casa Pia, com várias fontes, uma delas o próprio director da PJ, que terão sido transferidas para suporte digital e estarão a circular em meios jornalísticos e judiciais.

PS, PCP e Bloco de Esquerda exigiram «o total esclarecimento» do processo, das razões que levaram à demissão de Adelino Salvado e se houve ou não violação do segredo de justiça por parte de Adelino Salvado e eventualmente de outras fontes judiciárias, nas declarações feitas ao jornalista.

Em declarações à Agência Lusa, o deputado socialista Jorge Lacão considerou que a demissão de Adelino Salvado «é um facto natural e até inevitável».

Jorge Lacão destacou que a gestão de Adelino Salvado à frente da PJ foi marcada «pela controvérsia, por aspectos de falta de transparência e até por menor isenção devida no exercício do cargo».

O deputado socialista adiantou que o PS vai pedir uma audiência com carácter de urgência ao ministro da Justiça para «o necessário cabal esclarecimento de todo o processo».

Do lado do PCP, Carlos Gonçalves, do comité central, considerou que a demissão de Salvado «é um facto positivo», argumentando que o PCP tem «tido um conjunto de posições críticas à actuação do director nacional da PJ».

Carlos Gonçalves considerou que as razões invocadas por Adelino Salvado para a sua demissão «não chegam para afastar suspeições instaladas de que tenha havido violação do segredo de Justiça».

O dirigente comunista exigiu que o Governo preste mais informações sobre o processo e que esclareça se «tinha ou não perdido a confiança política» em Adelino Salvado.

Também o Bloco de Esquerda pede mais esclarecimentos ao Governo sobre a questão, e entende que o ministro da Justiça deve explicar todo o processo e as razões da demissão de Salvado na reunião da comissão permanente da Assembleia da República, prevista para 2 de Setembro.

Em declarações à Agência Lusa, o eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas considerou que as verdadeiras razões da demissão de Adelino Salvado «continuam envoltas em mistério», pelo que as investigações «têm que prosseguir».

Para Miguel Portas, o pedido de demissão de Adelino Salvado «nada esclarece» sobre uma eventual violação do segredo de justiça e se as declarações feitas aos jornalistas terão sido «formuladas com intuito de manipular o processo da Casa Pia».

«A carta de demissão é uma cortina de fumo para as reais razões e elas têm que vir ao de cima», sublinhou.
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