Alverca-Benfica, 0-3 (crónica) - TVI

Alverca-Benfica, 0-3 (crónica)

O molde europeu continuou a dar resultados Camacho manteve o sistema com que bateu o Molde e a equipa respondeu bem. E até conseguiu não sofrer golos...

Depois do fiasco caseiro diante do Beira Mar, e com um jogo europeu para acertar agulhas a meio do caminho, o Benfica voltou às vitórias domésticas (3-0), diante de um Alverca macio e que só nos primeiros minutos sugeriu ter condições para discutir o resultado. Dois dados importantes para Camacho: a confirmação de que o regresso ao sistema da época passada (4x2x3x1, com sacrifício de Sokota) fez bem à equipa; e a satisfação de, pela primeira vez desde 28 de Setembro, o Benfica não ter sofrido golos num jogo da Superliga. E logo numa noite em que as ausências de Miguel e Petit obrigaram a modificar a estrutura defensiva.

Com a vitória de quinta-feira sobre o Molde a atenuar as feridas abertas pela derrota com o Beira Mar, foi um Benfica de molde europeu aquele que se apresentou em Alverca: Nuno Gomes isolado no eixo do ataque, mas com Zahovic a assegurar uma melhor ligação com o meio-campo. Atrás, o estilo mais estático de Fernando Aguiar permitiu a libertação de Tiago, um aspecto que viria a revelar-se decisivo para a história do jogo. Por fim, na defesa, Armando e Cristiano cumpriram bem o seu papel nas laterais, embora beneficiando do desacerto dos seus adversários directos.

A tudo isto respondeu o Alverca com excelentes intenções e um figurino muito semelhante. Zé Roberto estava destinado a ser o desequilibrador do meio-campo para a frente, com Rodolfo Lima e Zé Rui a enquadrarem Zeferino no ataque. Em teoria, um trio ofensivo aberto, para pôr em respeito uma defesa encarnada com sintomas recentes de fragilidade. A prática não correspondeu às intenções, por questões tácticas (Zé Roberto ocupou uma área demasiado vasta e a ligação com o ataque ficou prejudicada com isso), mas acima de tudo porque, perante esquemas semelhantes, em condições normais, a qualidade individual acaba por fazer a diferença.

Geovanni descobriu o filão

Depois de dez minutos equilibrados, o Benfica encontrou rapidamente o elo mais fraco da estrutura adversária: a adaptação de Ruteski a lateral-esquerdo, face às ausências de Nandinho e Júnior, esteve longe de ser conseguida e Geovanni, também ele moralizado pelo golo conseguido diante do Molde, foi o primeiro a fazer estragos. Depois de um aviso que passou perto do poste, o brasileiro desmarcou Tiago na meia-direita, e o médio antecipou-se a Yannick para fazer o primeiro golo.

Os minutos seguintes provaram que a vantagem dos visitantes nada tinha de acidental: o flanco esquerdo do Alverca continuava a dar muitas facilidades e Geovanni surgia com uma confiança raramente vista esta época. O brasileiro transportou depois esse estado de espírito para a esquerda, quando trocou com Simão, e já tinha nessa altura a companhia de um Tiago que, com a marcação serena de Fernando Aguiar a Zé Roberto, praticamente se libertou de preocupações defensivas.

O início da segunda parte não trouxe grandes mudanças à história do jogo. Ruteski acertou mais a fechar o flanco esquerdo, mas o mal já estava feito, e o Alverca continuava sem encontrar argumentos para dar tradução prática às boas intenções. Até aos 60 minutos, foi sempre o Benfica a estar perto do segundo golo, e só quando José Couceiro mexeu na equipa, lançando Ramires e Vargas o Alverca deu sinais de vida.

Xeque-mate de cabeça

Mas, ao contrário do que vinha sucedendo com invulgar frequência, o Benfica nunca cedeu o controlo, e quando, num lance manchado por um fora-de-jogo de Nuno Gomes, Geovanni marcou o primeiro golo de cabeça conseguido pelos encarnados esta época, confirmou-se que a história estava escrita. Até final, tempo para um Tiago finalmente reencontrado com os seus melhores momentos assinar o seu segundo golo da noite, e para, nos cinco minutos finais, o Benfica levantar o pé, permitindo ao Alverca os seus lances mais perigosos. Mas aí foi a vez de Moreira mostrar serviço, e permitir a Camacho, por uma vez, voltar aos balneários com o livro de reclamações defensivas praticamente em branco.

Num jogo nada complicado de dirigir, Paulo Paraty esteve em bom plano durante 65 minutos, mas a partir daí teve uma fase de grande desacerto que resultou em quatro ou cinco erros difíceis de aceitar. O mais importante foi sem dúvida o fora-de-jogo não assinalado a Nuno Gomes, no lance que originou o segundo golo do Benfica (73 m), mas já antes disso o árbitro deixara passar um agarrão de Amoreirinha ao mesmo Nuno Gomes, à entrada da área (69 m) e mostrara erradamente o amarelo a Ricardo Rocha (71 m) num corte limpo do defesa. Um livre mal assinalado após uma queda acidental de Rodolfo Lima (77 m) encerrou o período negro do juiz do Porto. É injusto dizer que a sua actuação influenciou o desfecho, já que depois do 1-0 o Benfica pareceu sempre ter o jogo controlado, mas foram erros a mais para um jogo tão linear.

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