Morrreu esta sexta-feira aos 81 anos o antigo Presidente da República Jorge Sampaio. O ex-chefe de Estado estava internado no Hospital de Santa Cruz desde 27 de agosto, depois de ter sentido dificuldades respiratórias durante uma estadia no Algarve. A notícia foi confirmada à agência Lusa por fonte da família.
O Hospital de Santa Cruz informou que o óbito foi declarado às 08:35, "após internamento crítico". O centro hospitalar expressa as suas condolências e pêsames à família e aos amigos do antigo presidente que, sublinha o conselho de administração, “soube granjear um enorme respeito e admiração de todos os que tiveram o privilégio de acompanhá-lo nas várias etapas da sua vida”.
Em reação à morte do antigo Presidente da República, o primeiro-ministro anunciou um luto nacional de três dias, apresentando as condolências a toda a família.
O velório de Jorge Sampaio deverá realizar-se no antigo picadeiro real de Belém, segundo informação recolhida junto da Presidência.
O corpo do antigo Presidente da República deve ter primeiro passagens por casa, pela Câmara Municipal de Lisboa, seguindo então para o picadeiro, onde vão marcar presença Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Eduardo Ferro Rodrigues, bem como outras entidades, abrindo depois ao público.
Segundo o plano a que a TVI teve acesso, e que estava previamente desenhado, o corpo deveria seguir no sábado para o Mosteiro dos Jerónimos, onde haverá uma cerimónia não religiosa. Segue-se a ida para o Cemitério do Alto de São João. No entanto, fonte da Presidência admite que não será possível que se realize tudo isto já amanhã.
Faltando confirmação do plano, certo é que as cerimónias serão mais rápidas e simples que as de Mário Soares.
Jorge Sampaio, 81 anos, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1996 e 2006.
Em 1989 foi eleito líder do Partido Socialista e na mesma altura foi eleito presidente da Câmara de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993.
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e entre 2007 e 2013 foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens para trás sem acesso à educação.
Jorge Fernando Branco de Sampaio desempenhou, ao longo da sua vida, os mais altos cargos políticos no país.
Iniciou o seu percurso, ainda estudante, como um dos protagonistas, na Universidade de Lisboa, da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, até ao 25 de Abril de 1974.
Homem de esquerda e advogado de formação, defendeu casos célebres, como a defesa dos réus do assalto ao Quartel de Beja, o caso da `Capela do Rato’, em que foram presas dezenas de pessoas que protestaram contra a guerra colonial
Depois do 25 de Abril de 1974, militou em formações de esquerda, como o MES, onde se cruzou com Ferro Rodrigues, ex-líder do PS atual presidente do parlamento, e só aderiu ao partido fundado por Mário Soares em 1978.
Mais tarde, foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).