Família pede justiça para português detido em Timor - TVI

Família pede justiça para português detido em Timor

Tiago Guerra foi preso há cinco meses, juntamente com a mulher e os filhos, no aeroporto de Dili. A mulher e os filhos foram libertados horas depois, mas Tiago continua preso, sem que ainda lhe tenha sido deduzida acusação. A família questiona: «como pode alguém defender-se sem que antes tenha sido acusado de algum crime?»

Tiago Guerra já tinha estado em Timor, ao serviço da Portugal Telecom, primeiro como diretos técnico e depois como diretor financeiro. Vivia agora em Dili, desde 2010, com a mulher e os dois filhos. Tinha uma empresa de consultoria.
 
No ano passado, Tiago e a família decidiram sair de Timor e mudar-se para Macau, de onde a mulher é natural, onde têm família e «residência legal». De acordo com a irmã de Tiago, encerraram «legalmente» a empresa e prepararam-se para partir.
 

«Tudo foi feito na mais completa legalidade e abertura, desde a expedição para Macau de 4,8 metros cúbicos de bagagem, à venda dos carros e às várias festas de despedida», assegura a irmão de Tiago, Inês Guerra Lau, em declarações escritas à TVI

 

Branqueamento de capitais

 
Mas, a 18 de outubro de 2014, já no aeroporto, Tiago e a mulher foram detidos, juntamente com os dois filhos. Horas depois, a mulher e as crianças foram libertados, mas Tiago ficou preso e assim está, sem que lhe tenha sido deduzida qualquer acusação. De acordo com a família, Tiago desconhece as razões pelas quais está detido.


 
De acordo com fontes judiciais citadas pelo «Diário de Notícias», Tiago será suspeito de branqueamento de capitais e do desvio de 900 mil dólares dos cofres do estado timorense, mas não lhe foi formalizada ainda qualquer acusação.
 

«Tinham feito, durante dois meses, festas de despedida, onde estiveram presentes os amigos. Entre os quais pessoas ligadas ao Governo. Encerraram o ano escolar dos dois filhos. Entregaram a casa ao senhorio. Transferiram legalmente as economias para Macau e venderam os carros. Nunca foi segredo que estavam a iniciar uma nova fase noutro lugar», sublinha a irmã de Tiago.

 
As mesmas fontes judiciais citadas pelo DN asseguram que a detenção preventiva do português cumpriu todos os requisitos formais. Mas Inês Guerra Lau contesta:
 

«Quando o detiveram não alegaram absolutamente nada. Sei que parece impossível porque também eu me questionava naquele mesmo dia: como é isto possível? Mas foi. E, até hoje, nenhuma acusação formal. Como pode alguém defender-se sem que antes tenha sido acusado de algum crime?».

 

Caso acompanhado pelas autoridades portuguesas

 
O português será ainda suspeito de ser o testa de ferro de um cidadão norte-americano, consultor na área do petróleo. «Sabemos que ele foi preso na sequência da detenção de uma pessoa com essas características, o senhor Bobby Boye, que efetivamente estará envolvido numa situação também idêntica e estará preso nos Estados Unidos», explica José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, em declarações à TVI.
 
José Cesário assegura que a situação de Tiago está a ser acompanhada de perto pelas autoridades portuguesas e o detido tem sido visitado «por pessoas da embaixada», incluindo o próprio embaixador.
 

«Eu próprio, a propósito de uma deslocação a Timor, tive a oportunidade de falar com várias autoridades locais sobre o assunto».

 
A família de Tiago queixa-se das condições em que ele foi e está detido. Lançou uma campanha no Facebook e no   Wordpress intitulada «Justice For Tiago Guerra».
 

A irmã, que atualmente reside no Brasil, já enviou uma carta ao primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, com conhecimento do chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, do chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho e do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
 
Os filhos de Tiago estão atualmente a residir em Portugal, com os avós paternos. Fong Fong Chan, continua impossibilitada de sair de Timor-Leste.
 
Tiago está, de acordo com a irmã, detido «em débeis condições de higiene (sem água canalizada, cama ou sequer um colchão».
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