Benfica-Marítimo, 1-0 (crónica) - TVI

Benfica-Marítimo, 1-0 (crónica)

Pepe e a cereja no bolo errado Pepe e a cereja no bolo errado

Mais um jogo para uma série ainda curta de vitórias na Superliga. O Benfica realizou exibição que não foi brilhante, longe disso, e com a cereja no topo no bolo a ser colocada pela mão de um adversário. O erro de Pepe veio numa hora em que os «encarnados», com mais um, tinham poucas soluções para empurrar o Marítimo às cordas e fazê-lo atirar a toalha ao chão. A precipitação caiu bem a uma equipa em gestão, sem Petit e com Sokota no banco, a pensar no Inter e no Belenenses para outras contas. O 1-0 preso por arames cria ainda pressão no Sporting na luta da Segunda Circular pela Liga dos Campeões.

Vinte minutos de posse de bola, com a procura dos flancos, à vez, laterais com liberdade para subir, mas pouca presença na área. Nuno Gomes perdido entre Van der Gaag e Pepe, obrigado a procurar jogo atrás para se poder virar sem riscos de perder a jogada, João Pereira com garra mas alheio à esperteza e Simão a dar estocadas sucessivas num Albertino que podia ter deixado o relvado aos 23 minutos, por acumulação de amarelos (viu o primeiro logo aos três). Foi este o Benfica que entrou para a primeira parte, perante um adversário pouco audaz, sem uma referência na área, apostando nas falsas posições de Danny, Alan e Rincón.

A partir daí, o Marítimo assenhorou-se de metros que não eram seus, fez o papel do adversário, trocou a bola e negou aos da casa o assumir dos galões, preocupando-o, provocando-o, lançando-o aos exigentes adeptos-feras, cada vez mais insatisfeitos com o tic-tac dos pontos em atraso, a ressoarem como gongos das torres às catacumbas da nova catedral. A equipa de Cajuda camuflou-se nas intenções ao procurar o engano contrário, beneficiando da mobilidade dos homens mais avançados. Passado o período da surpresa que nada deu, Leo Lima agarrou a criação do jogo, Danny atirou-se para a esquerda, Alan para a direita e era Rincón o homem que tentava desestabilizar Hélder e Ricardo Rocha.

O primeiro sinal de algum perigo caiu sobre Marcos, depois de uma jogada de insistência dos «encarnados», com Simão a servir de peito o remate de fora de área de Nuno Gomes para as suas mãos. Já estavam marcados 15 minutos de jogo. Logo depois, Nuno Gomes acorre a um livre de Fyssas e atira para as mãos do guarda-redes brasileiro. Aos 18, é o Marítimo a ganhar espaço na área, por intermédio de Leo Lima, que ganha no confronto no ar com Miguel e atira-se para a relva para um carrinho evitado por Moreira. Nuno Gomes, na resposta, atira contra Van der Gaag e a bola é bombeada para a trave.

Finalmente Sokota, o vermelho a Fernando e a mão de Pepe

Adivinhava-se. Em aquecimento, esteve Sokota durante os últimos minutos da primeira parte. Em campo, lá estava depois do intervalo para o lugar de Zahovic. O croata trouxe ao relvado toda a sua perspicácia, no segurar da bola de costas para a área, no libertar para as alas - finalmente estava em campo um homem de Camacho que conseguia virar-se para a baliza sem perder a bola. Aos 47 minutos, um leve toque do croata estragaria o remate de Simão, primeiro sinal de intenções da segunda parte. No entanto, no mesmo minuto, é ele que cruza para o cabeceamento do pequeno João Pereira ao lado (jogada que se repetiria, após cruzamento de Fyssas, desta vez a acertar em Marcos, pouco tempo depois). O jogo entrava em velocidade alta, dos dois lados, propício a um golo.

Simão tem, aos 49 minutos, um livre à sua medida, que Marcos evitou com boa elasticidade. E os centrais insulares - em grande noite - ficariam sem protecção passados cinco minutos, com a expulsão de Fernando por alegada agressão a João Pereira (João Vilas Boas terá exagerado...). Cajuda é obrigado a mexer na cartola e troca Rincón por Chainho para fazer face à inferioridade numérica; Camacho dá a volta completa ao guião e aposta em Geovanni para o corredor direito, com Fyssas a sair e João Pereira (que era extremo-direito) a ocupar o seu lugar na defesa, no lado esquerdo.

Sokota, após jogada com Tiago (64 m), obriga Marcos à defesa da noite. Quatro minutos depois, a situação mais caricata do jogo, com Geovanni a libertar Simão na área. O extremo passa o guarda-redes e cai dois passos depois, traído pelo tropeçar nos próprios pés. Aos 72, Nuno Gomes volta a não ter sorte, com um remate, à meia volta, ao poste. E, aos 80, Pepe põe a mão à bola no meio da área, manchando uma exibição portentosa. Simão colocava finalmente um final à ansiedade, com uma paradinha no penalty, que Marcos adivinhou, mas não conseguiu resolver. Depois, veio a aflição de sempre para segurar o 1-0. O mais importante estava conseguido para os da casa, aos outros faltou ambição.

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