Lusodescendente compra obra de Josefa de Óbidos para doar ao Louvre - TVI

Lusodescendente compra obra de Josefa de Óbidos para doar ao Louvre

O Museu do Louvre está entre os locais mais fotografados pelos utilizadores do Instagram

Obra intitulada "Maria Madalena" foi arrematada em janeiro deste ano num leilão internacional, por 269 mil dólares (238.615 euros), por Filipe Mendes, que possui uma galeria de pintura antiga em Paris

O luso-descendente Filipe Mendes comprou um quadro de Josefa de Óbidos num leilão da Sothebys, em Nova Iorque, e doou-o ao Museu do Louvre, em Paris, onde ficará quando terminar, em Lisboa, a exposição dedicada à pintora portuguesa.

Intitulada "Maria Madalena", a obra foi arrematada em janeiro deste ano num leilão internacional, por 269 mil dólares (238.615 euros), por Filipe Mendes, que possui uma galeria de pintura antiga em Paris.

"Vi primeiro o quadro em Londres e, depois, soube que iria a leilão. Pensei de imediato que era uma oportunidade única", disse o galerista português à agência Lusa.

Apaixonado pela obra de Josefa de Óbidos (1630-1684), a única pintora profissional em Portugal no século XVII, cujo estilo impulsionou o movimento Barroco português, Filipe Mendes, 40 anos, tinha o sonho de a representar no Louvre.

O Museu do Louvre, em Paris, recebeu 9,3 milhões de visitantes em 2014, sendo o museu de arte mais visitado do mundo.

De acordo com o galerista português - emigrado em França desde os 14 anos, onde estudou História da Arte e Direito - atualmente existem apenas duas obras de pintura portuguesa no Louvre: uma natureza morta, criada por Baltazar Gomes Figueira (1604-1674), pai de Josefa de Óbidos e seu mestre, que se encontra exposta nas salas de pintura espanhola, e outra de Domingos Sequeira (1768-1837), que não se encontra patente ao público.

A pintura de Baltazer Figueira no acervo do Louvre intitula-se "Natureza morta com peixe" e está assinada e datada de 1645. A pintura de Domingos Sequeira é uma alegoria à fundação da Casa Pia de Belém, criada em 1781 por Pina Manique, uma das figuras marcantes do absolutismo régio em Portugal.

"O Louvre aceitou a doação, e a pintura de Josefa de Óbidos vai ficar exposta junto à do pai", disse Filipe Mendes, que está a organizar uma celebração da entrada do quadro no museu parisiense com a colaboração da Embaixada de Portugal em Paris, e a comunidade portuguesa local.

A entrada do quadro de Josefa de Óbidos no Louvre está garatinda, segundo Filipe Mendes, embora ainda não tenha conseguido pagar a totalidade da obra à Sothebys. "Grande parte está paga, faltando ainda conseguir um apoio que está a ser acordado com outro português", disse o galerista à Lusa, sem precisar o nome do outro doador.

A pintura "Maria Madalena" - que chega hoje a Lisboa - tinha uma base de licitação de 200 mil dólares, e, segundo Filipe Mendes, havia compradores interessados em adquiri-la para a venderem depois em Portugal, "onde o valor é geralmente muito mais elevado, dada a qualidade da obra".

"Quero divulgar a arte portuguesa de qualidade, e o Louvre é a melhor montra para o fazer", justificou Filipe Mendes, que criou uma associação em Paris com o objetivo de referenciar a pintura portuguesa antiga em todo o mundo e de a restaurar, mostrar e divulgar, "fora de Portugal".

Antes de chegar ao Louvre, "Maria Madalena" estará patente ao público a partir de sábado na exposição "Josefa de Óbidos - e a Invenção do Barroco Português", que vai permanecer no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, até 06 de setembro, com 130 peças da pintora.

O Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, possui igualmente uma "Santa Maria Madalena", de Josefa de Óbidos, no seu acervo.

Josefa de Ayala Figueira - mais conhecida por Josefa de Óbidos - nasceu em 1630, em Sevilha, Espanha, e faleceu em 1684, em Óbidos, Portugal, com 54 anos, mas conheceu grande sucesso ainda em vida, pelo seu estilo original.
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