Nada que não fosse esperado, mas agora as contas são reais e as projeções refletem a pandemia. Exportações, consumo e investimento a penalizarem o Produto nos primeiros três meses de 2020, é a primeira análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) aos dados do trimestre.
O Produto Interno Bruto (PIB), em termos homólogos, diminuiu 2,4% em volume no primeiro trimestre de 2020, após o aumento de 2,2% no trimestre anterior.
"A contração da atividade económica reflete o impacto da pandemia Covid-19 que já se fez sentir significativamente no último mês do trimestre", diz o INE na estimativa rápida do PIB.
O contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi negativo, após ter sido positivo no trimestre anterior, traduzindo "a diminuição mais intensa das Exportações de Bens e Serviços que a observada nas Importações de Bens e Serviços."
Já a procura interna "registou um contributo negativo (-1,0 pontos percentuais), pela primeira vez desde o 3º trimestre de 2013, associada à diminuição do consumo privado e do Investimento", reforça o INE.
Na comparação com o último trimestre de 2019, ou seja, em cadeia, o PIB diminuiu 3,9% em termos reais (variação em cadeia de +0,7% no trimestre anterior).
"Este resultado é explicado por contributos negativos da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB (-2,0 pontos percentuais, após ter sido positivo no trimestre anterior) e da procura interna (-1,9 pontos percentuais), que foi mais negativo que no trimestre anterior (-0,7 pontos percentuais)", diz ainda o Instituto.
Projeções Macroeconómicas para a Economia Portuguesa
Instituições | Conselho Finanças Públicas (out19) | OCDE (nov19) | Ministério das Finanças (dez19) | BdP (mar20) | FMI (abr20) | CE (mai20) |
PIB | 1,7% | 1,8% | 1,8% | -3,7% | -8% | -6,8% |
Quebra do PIB está alinhada com estimativas setoriais do PE
O Ministério das Finanças afirmou que a recessão económica registada no primeiro trimestre do ano "está totalmente alinhada" com as estimativas setoriais do Programa de Estabilidade (PE).
A evolução do PIB [Produto Interno Bruto] no primeiro trimestre está totalmente alinhada com as estimativas para a atividade setorial apresentadas no Programa de Estabilidade. A severidade da quebra da economia está bem espelhada no impacto que as três últimas semanas de março tiveram na evolução do PIB no primeiro trimestre", pode ler-se no comunicado das Finanças enviado às redações, depois de conhecidos os números do PIB do primeiro trimestre.
De acordo com o Programa de Estabilidade, que não inclui cenário macroeconómico, comércio a retalho, restauração e alojamento são responsáveis por cerca de metade do impacto negativo de 6,5 pontos percentuais no PIB anual a cada 30 dias úteis de confinamento.
Uma parte significativa do impacto negativo do confinamento advém da evolução verificada no setor do comércio a retalho e na restauração e alojamento, refere o Governo no PE, acrescentando que “este setor explicará aproximadamente metade do impacto total estimado no PIB, seguido pelo setor da indústria (transformadora e extrativa) cuja evolução contribuirá, por si só, para um impacto de -1,6 pontos percentuais”.