Ephemera Diário: os magníficos pilotos das máquinas voadoras (aviação militar portuguesa - 1918) - TVI

Ephemera Diário: os magníficos pilotos das máquinas voadoras (aviação militar portuguesa - 1918)

  • Hugo Cabral, especialista em história aeronaval militar
  • 17 mai 2020, 18:22
Arquivo Ephemera: aviação militar portuguesa (espólio fotográfico - 1918)

O Ephemera está diariamente a divulgar uma imagem ou um documento inédito do arquivo de José Pacheco Pereira, para amenizar os tempos da pandemia

espólio fotográfico do capitão aviador Norberto Guimarães é importante sobre a criação da aviação militar portuguesa, na I Guerra Mundial. Esta foto foi tirada em S. Jacinto (Aveiro) entre Junho e Setembro de 1918. Nesta altura o Centro de Aviação Marítima de Aveiro era uma base de hidroaviões francesa responsável pela patrulha antisubmarina entre Caminha e S. Martinho do Porto. Esta base foi estabelecida no âmbito do protocolo de defesa entre Portugal e França de Junho de 1917. A base começou a instalar-se em Abril de 1918, começou a operar em Maio e foi vendida a Portugal em Janeiro de 1919.

No lado esquerdo da foto estão dois marinheiros portugueses que faziam parte do pessoal auxiliar desta base. O piloto mais alto é o Ensigne de Vaisseau de 1er classe (Equivalente ao nosso segundo-tenente) Malcor Deydier de Pierrefeu, este piloto serviu em Aveiro entre 12 de Fevereiro e 29 de Setembro de 1918. O piloto mais baixo obviamente que é o Capitão Norberto Guimarães.

O hidroavião é um Donnet-Denhaut de 200cv. Era um dos 7 aviões deste tipo que operava a partir de Aveiro. Este avião especificamente (matrícula A6), foi montado em Junho de 1918, e, em 5 de Setembro de 1918, participou no ataque ao submarino alemão que bombardeou o Desertas. Este por sua vez foi um dos navios capturados aos alemães em 1916, que já com a nossa bandeira encalhou na Costa Nova em 1917. Para o recuperar abriu-se um canal da praia até à Ria de Aveiro, estando estas obras a decorrer quando o U-boat o bombardeou. Após avistarem os hidros franceses, o submarino imergiu e escapou.

Este avião perdeu-se a 17 de Janeiro de 1922, na sequência de um temporal que destruiu grande parte dos aviões e hangares de lona comprados aos franceses. De referir também que logo após a transferência desta base para Portugal, dois destes aviões participaram nas operações contra as tropas de Paiva Couceiro, durante a chamada "Monarquia do Norte". Sacadura Cabral foi um dos quatro pilotos envolvidos nesta acção.

Veja aqui o programa Ephemera da TVI24

A TVI24 associa-se à biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira, publicando todos os dias uma imagem inédita dos fundos do arquivo, que estão a ser tratados mas ainda não foram publicados. Essa imagem, que pode ser uma fotografia, um panfleto, um documento, a capa de um livro, um objecto, um autocolante, um pin, um cartaz, um vídeo ou uma gravação será acompanhada por um pequeno texto que complementa a informação do EPHEMERA DIÁRIO. 

Quem possa ter mais documentação ou informações sobre a imagem/tema em causa pode enviar para jppereira@gmail.com ou jrreis@tvi.pt.

 

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