O peso da história, a evidente motivação, muito suor e empenho não foram suficientes para o Fabril contrariar a forma séria e profissional com que o Moreirense se apresentou no histórico Alfredo da Silva, no Lavradio, em jogo da terceira eliminatória da Taça de Portugal. Um jogo-treino para a equipa comandada por Vítor Campelos que segue em frente para a próxima eliminatória, com uma vitória por 3-1, diante deste simpático adversário que ainda festejou um golo de belo efeito a fechar o jogo.
O velho Estádio Alfredo da Silva transpira história, mas é uma história já antiga, com muitas décadas, dos tempos em que esta equipa do Barreiro ombreava com os grandes no primeiro escalão. A atualidade é bem diferente. A equipa comandada por Filipe Romão entrou em campo num clássico 4x4x2, procurando intimidar o experiente adversário, com um futebol de outros tempos. A bola viajava de setor para setor, descaía depois para uma das alas, para depois tentar chegar à área.
A ideia estava lá, mas o Moreirense, que até se apresentou com algumas cautelas, com dois médios mais defensivos à frente do quarteto defensivo, desmontava-a com facilidade. Os minhotos, com um jogo bem mais versátil, respondiam depois com maior acutilância, com Bilel e Patito abertos sobre as alas e Pedro Nuno mais ao centro no apoio direto a Fábio Abreu.
Sem precisar de carregar no acelerador, a equipa de Moreira de Cónegos foi levando o jogo para junto da área de Marreiros e chegou ao golo, aos 24 minutos, num lance individual de Bilel. O jogador francês desequilibrou sobre a direita e cruzou para o lado contrário. A bola atravessou toda a área e chegou a Pedro Nuno que só teve de encostar para abrir o marcador. O golo deixou o Moreirense ainda mais confortável no jogo e, até ao intervalo, teve mais duas oportunidades soberanas para aumentar a vantagem.
Mesmo a fechar a primeira parte, Edson Castro, com um passe em profundidade, solicitou Bruninho que, à entrada da área, tentou um remate de primeira, mas saiu-lhe uma rosca. Ainda assim, um lance muito aplaudido pelos entusiastas adeptos do Fabril.
Vítor Campelos abdicou da técnica de Bilel para apostar na velocidade de Luther Singh e o Moreirense procurou resolver a eliminatória nos instantes iniciais da segunda parte, com destaque para um remate de Pedro Nuno à barra, na sequência de um livre de Luther Singh, logo a abrir. O Fabril procurava responder com pontapés longos, mas a equipa começava a ficar partida, com alguns jogadores a começarem a acusar desgaste físico.
O Moreirense controlava o jogo com uma toada lenta, adormecia o adversário e depois surpreendia-o com rápidas mudanças de velocidade. Filipe Soares esteve perto de marcar, Fábio Abreu acertou no poste, mas foi Pedro Nuno que voltou a marcar aos 68 minutos. Luther Singh acelerou pela direita, deixou um adversário nas costas e cruzou para o segundo poste onde surgiu Pedro Nuno em carrinho a bisar no jogo.
Tudo muito fácil, com Vítor Campelos a gerir a equipa, mas os adeptos do Fabril ainda reavivaram o sonho quando Abdu fez uma falta à entrada da área e viu um cartão vermelho direito. Bruninho, na marcação do livre direito, acertou com estrondo na barra, a bola ainda foi ao solo, mas não entrou. Os adeptos chegaram a festejar e ainda estavam a discutir o lance [houve quem tivesse filmado com o telemóvel], quando Fábio Abreu, lançado por Ibrahima Camará, fez o 3-0.
A festa do Fabril tinha ficado e engasgada, mas acabou por explodir, a cinco minutos do final, num livre direto marcado por Celestino. Um grande golo com a bola a entrar ao ângulo, sem hipóteses para Trigueira. Um golo que motivou a equipa do Barreiro que ainda foi à procura de um segundo, diante de um Moreirense redúzio a dez.
Mas a verdade é que já não havia tempo para acontecer Taça. O Moreirense tinha construído uma vantagem confortável e não se deixou intimidar com o grande golo de Celestino