Há uma razão para os terroristas deixarem a carteira para trás - TVI

Há uma razão para os terroristas deixarem a carteira para trás

Tunisino Anis Amri, principal suspeito do ataque ao mercado de Natal de Berlim, deixou um documento de identificação no camião que abalroou a multidão, causando 12 mortos e 48 feridos

Charlie Hebdo, Paris, Nice e, agora, Berlim. Em todos estes ataques terroristas os seus autores deixaram a carteira para trás. Parece descuido, mas, segundo analistas em defesa e segurança, há um motivo e não poderia ser mais simples.

Os jihadistas deixam as identificações porque querem ser identificados.

Deixar pistas reforça a reivindicação do ataque”, defendeu Otso Iho, em entrevista à agência Associated Press, um especialista do Jane’s Information Group, uma consultora britânica especialista em análise e informação nas áreas militares, aeroespaciais e transportes.

Mais do que descuido, os autores dos ataques pretendem ser reconhecidos pelos seus feitos.

Aconteceu em janeiro de 2015, no ataque ao Charlie Hebdo, quando um dos irmãos envolvidos, Said Kouachi, francês nascido em Paris de pais argelinos, deixou um documento de identificação no carro roubado para a fuga. Morreram 12 pessoas.

Nesse mesmo ano, uma nova tragédia, igualmente em Paris, mas em novembro, culminou na morte de 130 pessoas na sequência de vários atentados na capital francesa, que passaram pelo Estádio de França, pela sala de espetáculos Bataclan e por dois restaurantes. Um passaporte foi encontrado no exterior do recinto desportivo.

No verão de 2016, em Nice, por ocasião das celebrações da Tomada da Bastilha, um camião conduzido por um franco-tunisino abalroou a multidão que se encontrava na rua, causando a morte a 84 pessoas. Um documento de identificação de Mohamed Lahouaiej Bouhlel, 31 anos, foi encontrado no interior do camião.

Agora, em Berlim, num ataque com contornos semelhantes, as autoridades encontraram a carteira daquele que é, até ao momento, o principal suspeito de conduzir o camião com matrícula polaca, que abalroou a multidão que se encontrava no mercado de Natal da capital alemão na noite de segunda-feira. Morreram 12 pessoas.

Um outro especialista em terrorismo, Amarnath Amarasingam, da Universidade norte-americana George Washington, não tem dúvidas de que Anis Amri atuou em nome do Estado Islâmico.

O facto de o Estado Islâmico ter assumido a autoria do ataque antes de o atacante ter sido detido mostra que os dois estavam em permanente contacto. Acredito que a qualquer momento teremos um vídeo ou uma declaração do atacante”, afirmou, também em declarações à AP.

De facto, um vídeo de Anis Amri surgiu, entretanto, nas redes sociais, mas é relativo a setembro deste ano e prova apenas que o tunisino estava já por aquela altura em Berlim.

 

 

 

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