Quando é que a dívida se torna insuportável? Peritos do FMI respondem - TVI

Quando é que a dívida se torna insuportável? Peritos do FMI respondem

Fazem-no numa associação à economia real e às finanças pessoais de cada um, mas a mensagem é clara: quando não se consegue pagar é preciso reestruturar dívida. Uma análise que dá "gás" à vozes da Esquerda que apoia o Governo no Parlamento

Esteve cá. Foi o primeiro chefe de missão em Portugal, aquando do programa de ajuda internacional e agora, Poul M. Thomsen, e mais dois peritos do Fundo Monetário Internacional (FMI), Sean Hagan, Maurice Obstfeld, “voltam à carga” sobre o problema da dívida soberana dos países.

Fazem-no numa associação simples à economia real e às finanças pessoais de cada um, mas a mensagem é clara: quando não se consegue pagar é preciso reestruturar dívida.

“Há circunstâncias, no entanto, onde o nível de dívida do Governo é tão alto que é ‘insustentável’”, dizem na publicação, intitulada “Dealing with Sovereign Debt—The IMF Perspective” [ Lidando com a dívida soberana –perspetiva do FMI]

No entendimento dos peritos, "há um momento em que o serviço da dívida programado excede a capacidade do Estado-membro para lhe dar resposta, mesmo levando em conta um programa de ajuste forte e um apoio financeiro significativo do FMI".

Nestas circunstâncias, não é viável - nem política nem economicamente – que o problema seja resolvido através de “um aperto de cinto”, acrescentam.

E vão mais longe “qualquer avaliação da sustentabilidade da dívida deve basear-se em pressupostos realistas - e não heroicos - relativos às perspetivas de crescimento futuro, tendo em conta a realidade [concretamente o fato de as economias terem, frequentemente, demorado mais tempo a recuperar das crises do que se esperava inicialmente]".

A conclusão é feita sob uma base simples:  “A dívida é fundamental para o funcionamento de uma economia moderna. As empresas podem usá-la para financiar investimentos em produtividade futura. As famílias podem usá-la para financiar compras como bens duradouros, por exemplo uma casa. Às vezes, no entanto, os investimentos das empresas falham ou o principal empregado da família perde seu emprego. Os sistemas jurídicos dos países, geralmente, reconhecem que, nesses casos, tanto os devedores como os credores (…) podem ficar melhor se houver um procedimento ordenado para reorganizar as dívidas”, dizem no documento publicado do blog do Fundo.

Nos países não é diferente mas há nuances. "Os governos pedem emprestado também, é claro, mas não há tribunais para onde encaminhar uma reestruturação das dívidas soberana. É aí que entra FM", acrescentam.

O problema é, quando depois de vários esforços, não se consegue pagar.

A comunicação dos economistas do FMI surge num momento em que a dívida portuguesa teima em não baixar dos 130% do Produto Interno Bruto (PIB) e em que as perspetivas para os próximos anos são pouco animadoras. 

Além disso, os partidos de Esquerda, que apoiam o Governo, continuam a pressionar no sentido de ser pedida a reestruturação de dívida, porque, afinal, e depois de tantos esforços, pode também ser "insustentável" como dizem os homens do FMI. 

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