Coronavírus: "Não sabemos para onde vamos nem quando isto vai terminar" - TVI

Coronavírus: "Não sabemos para onde vamos nem quando isto vai terminar"

  • 27 jan 2020, 21:44

Filipe Froes, pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, relembra que há um caso suspeito no continente africano que pode mudar a conduta da OMS

O pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, criada para acompanhar o surto da nova estirpe de coronavírus, Filipe Froes, explicou que este é um "microrganismo proveniente do reino animal que atravessou a barreira das espécies".

O especialista alerta ainda para o facto de o coronavírus beneficiar de algumas características que o tornam mais violento para o homem. O microrganismo foi capaz de encontrar uma estrutura nas células humanas que lhe permitiu entrar no sistema humano, multiplicar-se e causar uma doença.

Apesar de o número de mortos já ter gerado um alarme a nível mundial, Filipe Froes garante que a taxa de letalidade, de 3%, desta nova estirpe fica muito aquém dos números registados pelo SARS e pelo MERC-CoV, últimas epidemias de coronavírus no planeta.

Neste momento, a taxa de letalidade ronda os 3%, que é uma taxa significativa, mas as taxas dos episódios anteriores foram mais elevadas. No SARS Coronavírus rondaram os 10% e no MERS-CoV rondou os 30%", diz o especialista.

O coordenador do Gabinete de Crise é claro e garante que esta "não é a primeira nem será a última" epidemia relacionada com coronavírus que vai deixar o mundo em alerta. 

O pneumologista deu especial destaque ao caso suspeito encontrado no continente africano, na Costa do Marfim. Confirmando-se este primeiro infetado em África vai alterar a estratégia que tem sido adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Há uma nova questão, que poderá ter implicações na nossa conduta, há um caso suspeito no continente africano, na Costa do Marfim. Um estudante de 34 anos, que viajou de Pequim para a Costa do Marfim com queixas respiratórias, tosse e espirros. O caso está a ser investigado", explica Filipe Froes.

 Filipe Froes garante que neste momento ninguém sabe o rumo que este novo surto de coronavírus pode tomar nem quando irá terminar. Mas relembra que, em 35 anos de profissão, nunca assistiu a um recolher de tanta informação em tão poucas semanas.

Neste momento, não sabemos para onde vamos nem quando isto vai terminar. Sou médico há 35 anos e esta é a primeira vez que temos esta informação toda em escassas semanas. De acordo com a evolução, todas a medidas têm de ser equacionadas e estão a ser equacionadas", garante o pneumologista.

Filipe Froes disse ainda que Roma, Londres e Paris são as cidades europeias que têm de estar mais alerta, já que são as únicas no continente com voos diretos para a região de Hubei, onde se situa a cidade de Wuhan, epicentro do surto desta nova estirpe de coronavírus.

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