Inicialmente a informação era de que as autoridades estariam em 60 locais, mas no fim de parte da operação, o comunicado da Procuradoria-Geral da República especificava que foram realizadas «durante o dia várias diligências, designadamente 34 buscas domiciliárias, uma a advogado e seis buscas a entidades relacionadas com o exercício da actividade financeira».
Ao que a TVI apurou as buscas realizam-se na sede do Novo Banco, em Lisboa, e em casa de Ricardo Salgado, no Guincho. No final da diligência, o advogado de Ricardo Salgado falou aos jornalistas, mas apenas para dizer que as buscas tinham terminado, pedindo ao mesmo tempo privacidade para a família Espírito Santo.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, Carlos Alexandre, esteve nas instalações do Novo Banco no âmbito destas buscas, um formalismo que deriva da lei sempre que existem buscas a bancos. No final do dia, o advogado Paulo Sá e Cunha dava conta ao jornalistas de que as buscas no BES ainda decorriam.
A PGR acrescenta que o Banco de Portugal e a CMVM «colaboraram» nas investigações. O mesmo comunicado especifica os crimes em causa:
«Nas investigações, relacionadas com o denominado universo Espírito Santo, estão em causa suspeitas dos crimes de burla qualificada, abuso de confiança, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal»
Segundo a TVI tinha já apurado, as buscas não tinha em vista qualquer detenção, uma informação que acabou por ser confirmada pelo comunicado oficial.
O processo, que decorre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foi instaurado após uma participação do Banco de Portugal. Após rebentar o chamado caso BES, a PGR criou uma equipa especial para investigar as alegadas irregularidades e os ilícitos criminais na gestão daquele banco, sendo a equipa multidisciplinar constituída por magistrados do DCIAP, elementos da Autoridade Tributária, da PJ e dos reguladores - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Banco de Portugal.
Durante o dia, na sede do Novo Banco a TVI apurou que os computadores estiveram bloqueados e que o advogado Paulo Sá e Cunha foi até ao local. Segundo explicou também à TVI o presidente do Novo Banco, Stock da Cunha, as buscas em causa dizem apenas respeito ao BES e não estão relacionadas com o Novo Banco.
Já no Guincho, na casa de Ricardo Salgado, a TVI apurou que a equipa da PJ foi reforçada a meio da manhã com mais três elementos e que o próprio Salgado e o advogado acompanhou as buscas das autoridades.
A 24 de julho, Ricardo Salgado foi detido para interrogatório no Tribunal Central de Investigação Criminal, tendo sido constituído arguido pelos crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais no âmbito do processo Monte Branco. Sai um liberdade após pagamento de caução de 3 milhões de euros.
A 26 de julho, a sede da empresa Rioforte foi alvo de buscas efetuadas pelo DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal), no âmbito da operação Monte Branco. Nessas buscas, as autoridades estiveram apenas a apreender documentação e não houve detenções. Também a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou as buscas à Rioforte devido a «continuação de diligências» no âmbito do processo Monte Branco.
A operação Monte Branco está relacionada com um alegado esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais através de um sociedade suíça de gestão de fortunas detida por Michel Canals e Nicolas Figueiredo, antigos quadros do banco suíço UBS, além de Álvaro Sobrinho, presidente não executivo do BES Angola.
As buscas ao BES e a Ricardo Salgado foram notícia lá fora, com o The Wall Street Journal a dar conta da nova atuação das autoridades, depois da detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates.
O caso BES está a ser escrutinado numa Comissão de Inquérito na Assembleia da República. Pode ver aqui os pontos essenciais até ao momento.