Duas vodkas (leia-se golos) animaram um jogo pachorrento, em que a vitória do Boavista apenas serve de mero dado estatístico (2-1). A passagem dos axadrezados à segunda eliminatória da Taça UEFA acaba por ser o elemento mais significativo de um jogo disputado em ritmo lento, quase maçador, com o público a sentir-se embalado pela falta de rasgos criativos na relva do Bessa.
Motivo: a vantagem alcançada no encontro da primeira mão (2-1), frente ao Vorskla Poltava, permitiu à equipa portuguesa um certo relaxamento, que durou tempo de mais. No entanto, isto não invalidou a procura incessante pelo golo, aspecto em que os ucranianos fizeram greve parcial, para não dizer outra coisa.
Quem esperava uma goleada das antigas enganou-se. E tem motivos lógicos para sentir uma certa frustração interior, porque a qualidade técnica do Boavista era bastante superior à do seu adversário. Mas isto não significou nada. A explicação lógica pode ser encontrada na postura hiper-defensiva dos ucranianos, mas abordar o problema a partir deste prisma pode levantar falsas questões.
Dois golos... dois erros!
Essencialmente, os axadrezados não conseguiram pegar no jogo ao colo e construir lances de futebol puro, arquitectados na fantasia dos melhores protagonistas e na pujança dos batalhadores. Algo empancou a máquina, que só funcionou em escassos minutos, ao sabor de duas vodkas frescas, que se traduziram nos dois golos. Mas se os remates certeiros foram dados inegáveis muito se deve a erros do Vorskla Poltava.
Primeiro: Pershin derruba Whelliton perto da grande aérea, quando este se preparava para bater o guarda-redes. O árbitro nem sequer pensou duas vezes e expulsou o defesa ucraniano. Sanchez, de livre, inaugura o marcador (27m), fazendo jus à sua qualidade de grande especialista nos lances de bola parada.
Segundo: Cherniak deixa-se antecipar por Demétrios e recorre à falta para travar o brasileiro. Cartão amarelo para o defesa e grande penalidade a favor do Boavista (37m). Rogério não tem problemas em ampliar a vantagem, que ficou no pequeno número dois, muito aquém do esperado.
Houve quem estampasse sorrisos largos no rosto. Seria mais fácil para o Boavista golear, tendo o Vorskla Poltava menos um jogador em campo. Engano cruel. Sanchez era o mais esclarecido no remate, mas o poste da baliza negava o óbvio; ou então a bola só parava na bancada. No meio de tudo isto, o guarda-redes ucraniano apenas se limitava a ser um mero espectador.
Intervalo. O treinador do Vorskla Poltava mantém-se fiel ao velho esquema táctico e não arrisca um milímetro, aliás a inferioridade numérica também não permitia grandes atrevimentos. Mas, sem saber ler nem escrever, os ucranianos chegam ao empate, aos 47 minutos. William comete novo erro imperdoável: após a marcação de um livre, defende para a frente e a bola vai parar aos pés de Onopko. Inevitável...
Este golo significou mais uma frustração no jogo. Essencialmente, porque a reacção do Boavista apenas assentou em jogadas atabalhoadas sem o mínimo de esclarecimento. O resultado já estava feito e Serguei Morozov observava o desenrolar dos acontecimentos sem alterar uma vírgula, ou seja, sem colocar outro avançado para apoiar Melashchenko.
Depois de um jogo em que a qualidade foi escassa, o Boavista conhece amanhã o próximo senhor europeu, ou seja, o adversário da segunda eliminatória da Taça UEFA. As duas vodkas já pertencem ao passado...