Segunda Vaga: "A partir de janeiro tenho de despedir pessoas, eu não aguento mais" - TVI

Segunda Vaga: "A partir de janeiro tenho de despedir pessoas, eu não aguento mais"

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 13 nov 2020, 12:43

Programa deu voz a empreendedores do setor das artes, da vida noturna, da restauração e do comércio que se queixam da falta de medidas por parte do Governo

A pandemia trouxe à luz as dificuldades existentes em manter um equilíbrio entre a preservação da saúde pública e a garantia da rentabilidade do comércio e da cultura. É precisamente sobre essa dicotomia que o programa Segunda Vaga dá voz a empreendedores do setor das artes, da vida noturna, da restauração e do comércio.

Depois de ultrapassar a crise de 2008, o chef Rui Paula confessa que a situação pandémica no país “é gravíssima” e que nunca passou por nada semelhante. Para o distinto empreendedor, que não é homem de se “queixar sem justa causa”, as medidas que o Governo anunciou no âmbito do estado da emergência são insuficientes.

Sobre o garantia do executivo de providenciar os restaurantes e comerciantes atingidos pelo recolher obrigatório às 13:00 nos fins de semana com 20% da faturação a fundo perdido, o chef afirma que essa é uma medida “que não ajuda em nada”. 

Na realidade, isto é tão grave que não se trata do fim de semana. Tem que existir injeção direta de capital seja que valor for, tem que haver redução das rendas, é inevitável”, afirma o chef, sublinhando que já ponderou atirar com a toalha para o chão.

Se medidas mais firmes não forem implementadas, o chef lança um aviso: “A partir de janeiro tenho de despedir pessoas, eu não aguento mais a partir desse mês”.

O desespero é partilhado por José Gouveia, presidente da Associação de Discotecas de Lisboa, que explica que a luz ao fundo do túnel é já apenas uma miragem.

A luz está completamente apagada. As discotecas foram completamente abandonadas”, afirma, sublinhando que os empresários da noite vão sair esta sexta e sábado às ruas para pedir apoios a um setor “que não mexe desde o início da pandemia”.

Gouveia explica que Portugal era um destino de eleição em termos de restauração, hotelaria e vida noturna e que, agora, o Governo está a “destruir tudo”. Muitos empresários já desistiram, ainda mais ponderam fechar as portas e o presidente da associação traça um futuro amargado para o setor.

Não chega nada aos bolsos dos empregadores. o Governo pôs gesso na perna para curar uma dor de cabeça”, afirma.

Para esta sexta-feira está prevista a manifestação “A Pão e a Água” na Avenida dos Aliados às 16:00. O porta-voz explica que o setor da restauração, da cultura e da hotelaria sai à rua em protesto contra as “últimas medidas instentáveis anunciadas em Conselho de Ministros”.

Temos tentado fazer parte da solução, mas chegámos a um ponto em que os setores estão todos em rutura. A questão dos fins de semana foi a estucada final”, lamenta Miguel Camões.

Camões afirma que as medidas tomadas são completamente insuficientes. “Não precisamos de mais linhas de crédito, chega de endividamentos. Precisamos, para hoje, de apoio rápido para conseguirmos sobreviver e mantermos os postos de trabalho”.

Gustavo Pereira, programador cultural, também fez parte do painel que discutiu os problemas económicos que muitas empresas sofrem com a pandemia. Ao programa Segunda Vaga, explica que os espectáculos, os programadores e os clubes vivem em drama há 9 meses.

Não tem havido soluções para estes problemas, já são 9 meses sem participar na sociedade e sem fazerem valer o know-how que tanto têm para dar”.

Pereira argumenta ainda que não vê o Estado preocupado em se precaver com os problemas futuros nestas empresas culturais.
 

O Movimento a Pão e a Água, que reúne empresários da restauração, comércio e hotelaria, concentra-se, nesta sexta-feira, na Avenida do Aliados, no Porto, para exigir apoios a fundo perdido, redução de impostos e a reposição dos horários de trabalho.

No que diz respeito a solucionar o problema (ou pelo menos atenuá-lo), o setor exige apoios financeiros (a fundo perdido) de forma a compensar os prejuízos que tem vindo a acumular. Estamos mais unidos do que nunca e o nosso pretexto só termina quando as medidas forem efetivamente aplicadas", assinala o grupo num comunicado.

O movimento questiona como é possível a um negócio, estando fechado, e sem data de abertura prevista, poder fazer uma gestão eficaz dos seus recursos e ao mesmo tempo suportar encargos fixos mensais.

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