Covid-19: metade das pessoas infetadas na Islândia não apresenta sintomas - TVI

Covid-19: metade das pessoas infetadas na Islândia não apresenta sintomas

  • Márcia Sobral
  • 1 abr 2020, 22:02
Coronavírus

Um laboratório na Islândia afirma que 50% dos infetados com o novo coronavírus estavam assintomáticos. O país optou por fazer muitos testes e até ao momento regista apenas duas vítimas mortais

Na Islândia, metade da população infetada com o Covid-19 não apresentava qualquer sintoma da doença. Os números são do laboratório “deCODE Geneticsem”, responsável por testar grande parte da população.

Os especialistas são consensuais quando afirmam que uma das maneiras mais eficazes de combater o Covid-19 é através de testes. Só desta forma é possível controlar focos de contágio e ter uma perceção real do quanto a pandemia afetou cada país.

A Islândia está a seguir estes passos e na passada terça-feira tinha já testado 5% da população, ou seja, quase 18 mil pessoas.

Os testes estão a ser feitos em hospitais, quando se trata de grupos de risco ou pessoas com sintomas, ou então na empresa deCODE para a restante população.

 Os resultados dos testes feitos pela deCODE indicam que os esforços para limitar a propagação da doença estão a ser eficazes”, afirmou o governo do país em conferência de imprensa.

Mas os resultados que o país apresenta podem mudar a forma como o mundo olha para o vírus. Apenas 1% da população teve testes positivos, sendo assim portadores do novo coronavírus, mas 50% destas pessoas estavam assintomáticas.

Os resultados vieram assim colaborar com os estudos que indicam que são pessoas sem sintomas que propagam o vírus pela restante população.

Os números mostram que, como estamos a examinar a população em geral, encontramos pessoas no início da infeção, mesmo antes destas começarem a apresentar sintomas”, disse Kári Stafánsson, diretor do laboratório.

Este trabalho permitiu também que os investigadores conhecessem melhor o vírus e acompanhassem as mutações do mesmo, sendo que no país já tinham sido registadas alterações vindas da Itália, Áustria e Reino Unido.

Fica agora por investigar o que faz com que as pessoas apresentem sintomas diferentes. Se é o facto de o vírus ser mutável, se é a genética de cada um, ou uma mistura dos dois fatores.

Há pessoas que apenas sentem arrepios, enquanto outras estão ligadas a ventiladores.”

A Islândia faz parte dos países que ainda não adotou medidas restritas de isolamento e até ao momento apenas foram encerradas escolas secundárias e estão proibidos ajuntamentos com mais de cem pessoas. As autoridades defendem que não foi necessário adotar outras medidas pois o país está preparado para lidar com o vírus.

Testar pessoas e fazer o rastreio da doença são as principais razões pelas quais ainda não foi necessário adotar medidas de isolamento”, afirmaram as autoridades de saúde do país.

Os testes na Islândia começaram a ser realizados no início de fevereiro, semanas antes do país ter registado a primeira vítima mortal.

Levamos a sério a notícia de uma epidemia que tinha começado na China. Não encolhemos os ombros e assumimos que não ia acontecer nada de mais”, afirma o diretor da deCODE.

O laboratório espera conseguir testar nas próximas semanas pelo menos 50 mil pessoas, que corresponde a 13% da população nacional. Na Islândia há já 1220 pessoas infetadas, 225 doentes recuperados e foram contabilizadas apenas 2 vítimas mortais.

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