Magistrada ajuda à encenação de Tancos - TVI

Magistrada ajuda à encenação de Tancos

  • Henrique Machado
  • 23 set 2019, 21:03

Procuradora do Ministério Público de Loulé é suspeita de ter passado a um militar da GNRinformações em segredo de justiça sobre a forma como decorria, em Lisboa, a investigação da Polícia Judiciária

Uma procuradora do Ministério Público de Loulé está intimamente ligada à forma ilícita como foram recuperadas as armas de Tancos, negociada pela GNR e pela PJ Militar com os autores do furto, à revelia do próprio Ministério Público. A TVI sabe que a magistrada em causa mantinha uma relação de proximidade com o sargento Lima Santos, que comandava o núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé, e é suspeita de ter passado ao militar informações em segredo de justiça sobre a forma como decorria, em Lisboa, a investigação da Polícia Judiciária ao caso.

A procuradora não tinha acesso direto aos autos, mas tê-lo-à conseguido através de colegas no Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Lima Santos foi um dos primeiros oito detidos da Operação Húbris, há precisamente um ano, por crimes como associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, tráfico de influência, favorecimento pessoal, abuso de poder, recetação, ou tráfico de armas – mas as suspeitas sobre a referida magistrada foram mantidas em segredo até agora.

Entretanto, sabe a TVI, o procurador Vítor Magalhães, do DCIAP, já mandou extrair uma certidão contra a colega para que seja investigada em processo à parte.

A acusação do processo principal será conhecida até ao final desta semana, como resultado da investigação da Unidade Nacional de Contra-terrorismo da PJ. Há referência à magistrada do Algarve como alguém que foi determinante para a investigação paralela, e ilícita, que estava a ser desenvolvida pela PJ Militar em conluio com elementos da GNR. Terá sido com base nessa informação que Lima Santos soube por exemplo que a PJ civil também estava no encalce de ‘Fechaduras’, homem que vivia no Algarve e era tido como próximo do grupo de assaltantes de Tancos.

O conhecimento dos passos que eram dados pela PJ terá levado ao precipitar do esquema montado pelos militares para a devolução das armas, em outubro de 2017, num terreno baldio na zona da Chamusca. Negociaram com os assaltantes, prometendo-lhes que não seriam presos, e encenaram um telefonema anónimo para o aparecimento das armas. Acabaram todos apanhados – num processo com 24 arguidos –, numa alegada conspiração ao mais alto nível: entre os acusados vão estar Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa, o ex-diretor-geral da PJ Militar, coronel Vieira, e outras altas patentes quer da PJ Militar quer da GNR. Uns porque participaram no esquema, que visava retirar protagonismo à PJ civil, prejudicando com isso o processo; outros porque foram informados do encobrimento e não o denunciaram à Justiça.

 

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