Terrorista de Bruxelas usou nome português para arrendar apartamento - TVI

Terrorista de Bruxelas usou nome português para arrendar apartamento

Ibrahim El Bakraoui usou um documento belga falso, mas com um nome insuspeito, para despistar as autoridades

Os terroristas de Bruxelas arrendaram o apartamento no bairro de Schaerbeek, em Bruxelas, onde prepararam os atentados no aeroporto de Zaventem e do metro de Maelbeek. A TVI conseguiu informações exclusivas sobre este caso e sabe que o grupo ocupou a casa durante três meses.

O apartamento de duas assoalhadas, no quinto andar, foi arrendado no início de janeiro, por Ibrahim, o mais velho dos irmãos El Bakraoui e um dos terroristas kamikaze que se fez explodir no aeroporto de Bruxelas. Para o fazer utilizou um documento falso: um cartão do cidadão belga em que aparece de óculos e com uma peruca. Um disfarce que o terrorista manteve durante todo o tempo que viveu no apartamento e que só tirou quando saiu para matar.

O disfarce nunca antes tinha sido revelado publicamente.

Ibrahim El Bakraoui usou um documento belga falso, com disfarce

O documento de identificação é um cartão do cidadão da Bélgica, mas com um nome português. Miguel dos Santos foi a identidade escolhida pelo terrorista para o documento falso. Um nome insuspeito, comum em Bruxelas, que terá sido utilizado para despistar as autoridades.

O vizinho português

O prédio é uma imagem do bairro de Schaerbeek: multicultural e multinacional; há famílias belgas, do Norte de África, da América do Sul. Há também uma família portuguesa. A pedido do vizinho dos terroristas de Bruxelas, preservámos a identidade deste português.

“Falei com duas pessoas [que aparecem na imagem de videovigilância do aeroporto]. O do meio era muito impecável a falar, com as crianças. Tinha a minha filha cá fora a brincar e ele brincava com ela. Uma pessoa muito correta a falar. Com um sorriso, positivo. Nunca pensei que houvesse problemas.”

Imagem de três dos terroristas de Bruxelas captada pelas câmaras de segurança do aeroporto. Português diz que falou com os dois homens vestidos de preto

Este português manteve também contacto com Najim Laachraoiu, o suposto fabricante das bombas de Bruxelas e Paris. “Entrava de manhã e saía à noite. Não tinha conversa nenhuma. Muitas vezes puxava por ele e ele nunca respondia. (…) Estava sempre praticamente 24 horas no apartamento”, revela a testemunha ouvida pela TVI.

Um dos homens, que agora se sabe que aparecia disfarçado, era simpático e falava com os vizinhos. Os outros eram bem mais esquivos. Um desses era o homem do chapéu, da imagem do aeroporto. “Penso que estava na cave e dormia lá na cave. Nunca vi o rosto dele”, disse.

"Nunca pensei que estavam a preparar uma bomba"

Cinco homens viviam ou passaram neste apartamento, num prédio onde habitam várias famílias, quase todas imigrantes na Bélgica.

“Nunca pensei na minha vida que era uma bomba que eles estavam a fabricar. Seria o primeiro a alertar a polícia de que estavam a preparar alguma coisa lá em cima.”

Os terroristas de Bruxelas deixaram para trás quilos de explosivos e litros de produtos usados para fazer as bombas. Um trabalho que passou despercebido aos vizinhos. A fuga de um líquido, que se julgou inicialmente ser água, levou a testemunha ouvida pela TVI ao apartamento do quinto andar, onde moravam os terroristas

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