O jornalista norte-americano Ronan Farrow, filho de Woody Allen com a atriz Mia Farrow, publicou o livro “Catch and Kill” numa das filiais da editoras Hachette, em outubro do ano passado. Agora, o escritor e jornalista ataca a editora, por esta ir também divulgar as memórias do pai.
A autobiografia de Allen com o título de “Apropos of Nothing” (A Propósito de Nada, em tradução literal) será publicada pela norte-americana Grand Central Publishing, do Grupo Hachette, no próximo dia 7 de abril.
O autor disse estar “decepcionado” e acusa a editora Hachette de não ter realizado “as verificações devidas ao conteúdo do livro”. Segundo a AFP, Ronan anunciou que deixará de publicar na Hachette.
A irmã de Ronan Farrow, Dylan, que diz ter sido abusada sexualmente por Woody Allen aos sete anos, em 1992, classificou a decisão da editora Hachette como "profundamente perturbadora".
A editora defende-se, através do CEO Michael Pietsch:
Não permitimos que o programa de publicação de ninguém interfira no de outra pessoa."
Woody Allen sempre negou ter abusado sexualmente Dylan Farrow. O cineasta diz que a menina foi instigada a acusá-lo pela ex-mulher, Mia Farrow. Allen foi investigado pela denúncia de abuso na altura, mas nunca foi acusado oficialmente.
Dylan Farrow, agora com 34 anos, reiterou a alegação em 2014. Desde então, vários atores distanciaram-se publicamente do diretor.
Ronan Farrow escreveu no Twitter que a Hachette “ocultou” os planos de adquirir as memórias de Allen enquanto ele trabalhava no livro “Catch and Kill” . E que teria encorajado a empresa "a realizar uma verificação completa dos fatos da vida de Woody Allen.
Segundo Farrow, a empresa não demonstrou compaixão pelas vítimas de abuso sexual e não teve ética ao não verificar a história da irmã.
Eu disse à Hachette que não posso trabalhar em sã consciência com uma editora que se comporta desta maneira".