Como o mundo está a usar a tecnologia para travar a Covid-19 - TVI

Como o mundo está a usar a tecnologia para travar a Covid-19

Aplicações

Vários países já estão a implementar (ou a estudar a hipótese de o fazer) o controlo digital da população para travar a pandemia

Um inquérito realizado pela DECO mostra que os portugueses reconhecem as vantagens de uma aplicação para rastreamento de infetados com Covid-19 pelas autoridades e admitem utilizá-la, desde que a privacidade dos dados seja garantida.

O primeiro-ministro, António Costa, já admitiu a possibilidade de a Direcção-Geral da Saúde (DGS) ter acesso aos telemóveis dos portugueses para os avisar de que estiveram perto de alguém contaminado com Covid-19. Mas, para avançar, considerou, o processo seria feito sem ter acesso à identificação do cidadão.

Em entrevista ao novo podcast Política com Palavra”, uma iniciativa do PS integrada nas comemorações do 47.º aniversário do partido, divulgado a 23 de abril, António Costa começou por recusar qualquer tipo de rastreio por georreferenciação: “Rastreio não, geolocalização não, identificação de pessoas não.”

Mas admitiu “a possibilidade de, por exemplo, a DGS ter acesso a partir do meu telemóvel à identificação de números de telemóvel de que o meu esteve próximo durante mais de ‘x’ tempo e a menos de ‘x’ distância durante os últimos 14 dias e enviar uma mensagem a essas pessoas, sem saber quem são, informando que o seu telemóvel esteve em proximidade, durante mais de dez minutos, ou 15, com o telemóvel de uma pessoa dada como infetada.”

“monitor4COVID19”, a app que pode vir a controlar os portugueses

A 27 de abril, foi apresentado, no Porto, o projeto “monitor4COVID19”, lançado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que dará origem a uma aplicação para telemóvel móvel que permitirá aos portugueses serem alertados caso tenham estado em contacto com alguém infetado com a covid-19.

De acordo com o jornal Público, a tecnologia, desenvolvida com a coordenação do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), será de uso voluntário e utilizará o Bluetooth, sem geolocalização ou partilha de dados pessoais. Ainda não há data para que a aplicação fique disponível.

Mas há países onde esse rastreio já está a ser feito e, em alguns, é mesmo de cariz obrigatório.

Índia

Exemplo disso é a Índia. O Governo de Narendra Modi lançou, ainda em março, a app Aarogya Setu, um sistema baseado em Bluetooth e GPS que está disponível para iOS e Android.

O objetivo da aplicação é alertar os utilizadores de que podem ter estado em contacto com pessoas que testaram positivo para Covid-19.

O uso da aplicação é de cariz obrigatório.

Polónia

A Polónia foi o primeiro país europeu a usar uma aplicação para telemóvel, que permite à polícia detetar pessoas que estejam a desrespeitar a quarentena. O isolamento forçado na Polónia foi decretado a 24 de março e foi monitorizado por uma aplicação desenvolvida pela empresa TakeTask.

Quem está infetado, esteve no estrangeiro ou em contacto com alguém doente é obrigado a permanecer em casa durante 14 dias. Quem desobedecer, fica sujeito a uma multa que pode ir até aos 6500 euros.

Entre 24 de março e 1 de abril. No início do mês passado tornou-se de uso obrigatório para todos os que estão em quarentena.

A polícia polaca contacta todos os dias quem está nesta situação, pedindo uma fotografia do local onde está e a respetiva geolocalização. Tem 20 minutos para o fazer. Se isso não acontecer, a polícia vai até à residência da pessoa em causa, fazer uma verificação.

A polémica está instalada no país, por causa do uso futuro dos dados. Não há garantia que não venham a ser utilizados futuramente para publicidade dirigida, por exemplo.

A Polónia está também a desenvolver uma aplicação de rastreio de contactos que será de download voluntário.

Alemanha

A Alemanha também já está a usar a tecnologia para rastrear a doença. A app chama-se Coronavirus-Datenspende e foi anunciada no início de abril.

A aplicação foi criada em parceria com a startup Tryve e é capaz de ir buscar dados de telemóveis, smartwatches e smartbands para verificar se os utilizadores apresentam sintomas da Covid-19.

Áustria

A Áustria está a usar a tecnologia Bluetooth, através da app Stopp Corona, que tem por objetivo estimar a distância entre dois aparelhos. O número do telemóvel só pode ser comunicado pelo próprio, quando e se for confirmado como caso positivo.

Noruega

A Noruega está a utilizar também uma plataforma de uso voluntário, a Smittestopp. Também aqui a tecnologia Bluetooth e de geolocalização é a chave. Através desta tecnologia, é enviada uma mensagem a quem tenha estado a menos de dois metros e durante mais de 15 minutos com alguém que tenha sido diagnosticado com o novo coronavírus. Esses contactos têm de ter também a aplicação instalada.

Mais de 5 milhões de noruegueses já terão feito o download da app.

Austrália

Do outro lado do mundo, na Austrália, também se recorreu à tecnologia Bluetooth para controlar o distanciamento social. A app COVIDSafe controla quem esteve a menos de 1,5 metros ou mais de 15 minutos com alguém infetado.

A app é de uso voluntário e, nas primeiras cinco horas de uso, foi descarregada 1,3 milhões de vezes. O objetivo das autoridades é conseguirem controlar 40% da população, ou seja 10 milhões de habitantes.

Singapura

A aplicação TraceTogether, usada pelo Governo de Singapura, foi a primeira app governamental a utilizar a tecnologia bluetooth para fazer o rastreio dos contactos de infetados.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul foi também dos primeiros países a aplicar as novas tecnologias para controlar a proximidade de qualquer cidadão com alguém que tenha estado infetado. Logo em fevereiro, começou a usar apps governamentais para informar quem tenha estado próximo de um caso positivo.

O cumprimento da quarentena obrigatória é feito através da geolocalização.

China

Na China, onde o vírus foi identificado pela primeira vez. O controlo tecnológico foi apertado desde o início da infeção. As autoridades atribuíram um código QR a cada cidadão, que é lido através da câmara do telemóvel.

O sistema atribui cores aos cidadãos, baseando-se nas deslocações dos utilizadores nas últimas semanas e de acordo com informações sobre o estado de saúde.

A cor verde é atribuída a um cidadão sem necessidade de se isolar, o amarelo a um cidadão com necessidade de se isolar durante uma semana e vermelho para cidadãos com necessidade de 15 dias de isolamento.

A entrada em determinados locais públicos está vedada a quem tiver a cor amarela e vermelha.

Hong Kong

O sistema de código QR é também usado no território de Hong Kong. À chegada ao aeroporto, cada passageiro recebe uma pulseira com um código QR, que deve ser associado à plataforma StayHomeSafe. Quem entra no país é obrigado a ficar 14 dias em quarentena.

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