Uma ferramenta desenvolvida por investigadores da University College de Londres consegue prever aqueles que têm maior risco de desenvolver tuberculose.
Trata-se de um algorimo que trabalha a partir de informações recolhidas junto de dezenas de milhares de pessoas, nomeadamente a idade, a exposição à tuberculose, o estado do sistema imunitário e se a pessoa é ou não migrante.
O algoritmo dirige-se apenas aos doentes que estão infetados com a bactéria que causa a tuberculose mas ainda no seu estado latente, ou seja, quando a doença ainda não se desenvolveu. Até agora, segundo especialistas citados pelo The Guardian, as ferramentas disponíveis permitiam testar a exposição à bactéria e prescrever antibióticos, mas a medicação pode ser prejudicial aos infetados que não têm risco de desenvolver tuberculose ativa.
O estudo foi publicado na revista Nature Medicine e baseia-se em dados recolhidos na Europa, Estados Unidos e Austrália, onde a transmissão da tuberculose não é significativa e onde esta nova ferramenta poderá mesmo eliminar a doença.
Os autores do estudo concluíram, analisando os dados de mais de 80 mil pessoas, que 16% das crianças que tinham infeção latente e contacto recente com alguém com tuberculose apresentavam risco de desenvolverem a doença nos cinco anos seguintes a serem testadas. Já no que diz respeito aos adultos com infeção latente, o risco era de 5% para pessoas em contacto com outros infetados, migrantes vindos de áreas com alto risco de transmissão ou com sistemas imunitários comprometidos.
A pesquisa demonstrou ainda que o risco de desenvolver tuberculose diminui significativamente com o tempo e que a maioria dos casos de tuberculose ativa se desenvolvem nos primeiros dois anos de infeção latente.
Conseguimos identificar as pessoas com maior risco de desenvolverem tuberculose e podemos tratar-lhes a infeção com antibióticos preventivos antes de ficarem mal", explicou Rishi Gupta, autor do estudo. Ao Guardian, o especialista sublinhou que os testes atuais para prever quem irá desenvolver a doença na fase ativa não são eficazes. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, um quarto da população mundial tem tuberculose latente e cerca de 10 milhões de pessoas são infetadas todos os anos, mas muitos casos não são detetados, o que potencia o contágio.
A tuberculose transmite-se através do ar e infeta através da inalação de partículas. Porém, o sistema imunitário consegue manter a doença "adormecida" durante anos até que a tuberculose se torne ativa.
Em Portugal, desde 2017 que o Programa Nacional de Vacinação não contempla a vacinação universal com a BCG, contra a tuberculose, sendo apenas vacinadas as crianças que pertencem a grupos de risco ou as que vivem em comunidades com elevada incidência da doença.