Um relatório da Greenpeace agora publicado defende que a água radioativa da central nuclear de Fukushima, no Japão, que deverá ser despejada para o Oceano Pacífico por decisão do governo japonês, contém uma substância radioativa que tem potencial para danificar o ADN humano.
Ainda que, até agora, a maior preocupação fosse o trítio, o isótopo radioativo que não é filtrado pelo sistema instalado na central nuclear, gerida pela Tokyo Electric Power (Tepco), a Greenpeace alerta para agora para o carbono-14, outro isótopo radioativo contido nas 1,23 mil toneladas de água armazenada em mais de 1000 tanques. Uma vez libertado no oceano, seria capaz de se "incorporar em toda a matéria viva", assinala o relatório.
Concentra-se no peixe a um nível milhares de vezes superior do que o trítio", alerta a Greenpeace. "Tem o potencial para danificar o ADN humano".
Segundo a organização, o governo japonês e a Tepco referem-se à água dos reatores danificados pelo sismo de 2011 em Fukushima como "água tratada", dando a impressão de que tem apenas trítio, mas a Greenpeace refere que o sistema de filtração não consegue remover o carbono-14.
Quase 10 anos depois do início do desastre, a Tepco e o governo japonês ainda estão a encobrir a escala da crise em Fukushima Daiichi", defende o autor do relatório, Shaun Burnie, citado pelo The Guardian.
O governo japonês deverá anunciar uma decisão definitiva sobre a descarga da água de Fukushima na próxima semana, pressionado pela Tepco, que estima que todos os tanques da central nuclear estejam completos em meados de 2022.