Ninguém sabe dos pais de 545 crianças separadas da família na fronteira dos EUA com o México - TVI

Ninguém sabe dos pais de 545 crianças separadas da família na fronteira dos EUA com o México

  • Bárbara Cruz
  • 17 mai 2013, 09:25
Imigrantes têm entrada negada na fronteira do México com os EUA

Pais foram deportados para a América Central e as crianças ficaram nos EUA com famílias de acolhimento ou familiares afastados, por ordem da administração Trump

Os advogados que foram encarregados por um juiz federal dos Estados Unidos de identificarem as famílias separadas na fronteira com o México ainda não conseguiram localizar os pais de 545 crianças que permanecem nos EUA.

Segundo a NBC News, que teve acesso a um documento da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla original) - que, com outras organizações, foi encarregada de reunir as famílias - dois terços dos pais das crianças que foram retidas na fronteira já terão sido mesmo deportados para a América Central. 

Em julho de 2018, a Justiça ordenou que a administração Trump terminasse com a separação de famílias na fronteira, mas a prática terá continuado até ao ano seguinte. A separação das crianças e respetivos pais já era feita, porém, desde 2017, ano em que se iniciou um projeto piloto  que terá retirado as crianças a mais de 1000 famílias que procuravam entrar nos Estados Unidos. 

Ao contrário do que aconteceu com as cerca de 2.800 famílias separadas só em 2018, muitos dos pais que tinham sido separados dos filhos em 2017 já tinham sido deportados antes de um juiz da Califórnia ordenar que fossem encontrados. 

As pessoas perguntam constantemente quando iremos encontrar estas famílias e, infelizmente, não consigo dar-lhes uma resposta", disse à NBC Lee Gelernt, vice-diretor do projeto da ACLU para os direitos dos imigrantes. "Mas não vamos parar de procurar até termos encontrado cada uma destas famílias, não importa o tempo que demorar. A trágica realidade é que centenas de pais foram deportados para a América Central sem os seus filhos, que continuam aqui com famílias de acolhimento ou familiares afastados", sublinhou. 

O grupo Justice in Motion está também no terreno a tentar localizar os pais das crianças que ficaram nos Estados Unidos, apesar das dificuldades por causa da pandemia, tendo já conseguido chegar ao contacto com vários dos que foram deportados nos seus países de origem. "É um processo árduo e que leva muito tempo nos dias melhores. Durante a pandemia, a nossa equipa de ativistas pelos direitos humanos tem tomado medidas especiais em nome da sua segurança, bem como da segurança dos pais e das suas comunidades".

Das famílias separadas em 2017, a ACLU já conseguiu contactar os pais de mais de 550 crianças e acredita que 25 deles possam mesmo regressar aos Estados Unidos. Algumas famílias, porém, optaram por deixar as crianças nos Estados Unidos com familiares ou mecenas, por terem receio do que pode acontecer aos filhos se regressarem aos países de origem. 

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