O Mar de Laptev ainda não congelou. Está mais perto o primeiro verão sem gelo no Ártico? - TVI

O Mar de Laptev ainda não congelou. Está mais perto o primeiro verão sem gelo no Ártico?

  • Bárbara Cruz
  • 22 out 2020, 13:47
Ártico

O Mar de Laptev, considerado o "local de nascimento" do gelo, ainda não congelou no final de outubro, pela primeira vez desde que há registo. Investigadores estão alarmados com as mudanças rápidas causadas pelo aquecimento global

Pela primeira vez desde que há registo, o Mar de Laptev ainda não congelou no final de outubro. Mais uma prova de que o impacto humano, pelo aquecimento global, está a provocar mudanças sem precedentes, com o potencial para mudarem o mundo tal como o conhecemos.

A falta de congelação até este ponto do outono não tem precedentes na região siberiana do Ártico", disse ao Guardian Zachary Labe, investigador da Universidade do Colorado. 

2020 é outro ano consistente com mudanças rápidas no Ártico. Sem uma redução sistemática dos gases com efeito de estufa, a possibilidade do nosso primeiro verão sem gelo vai continuar a aumentar até meados do século XXI", frisou Labe.

Segundo Walt Meier, investigador do US National Snow and Ice Data Center, os dados e modelos mais recentes apontam para que o primeiro verão sem gelo no Ártico ocorra entre 2030 e 2050. "É uma questão de quando e não se", frisa o especialista.

A falta de congelação da água do Mar de Laptev pode ser explicada pela onda de calor que este ano atingiu a Sibéria. Um estudo recente atribui as altas temperaturas para a região ao calor das emissões de gases provenientes da indústria e agricultura. 

Mas, segundo o Guardian, não é apenas a temperatura do ar que está a atrasar a formação de gelo: as alterações climáticas estão também a favorecer que as correntes mais temperadas do Atlântico chegem ao Ártico e interfiram com a superfície mais fria das águas, dificultando a congelação. 

O Mar de Laptev é conhecido como o local de nascimento do gelo, que se forma ao longo da costa durante o inverno e depois desliza para oeste, arrastando nutrientes pelo Ártico antes de derreter na primavera no Estreito de Fram, entre a Gronelândia e o arquipélago norueguês de Svalbard.

Quanto mais tarde o gelo se formar no Mar de Laptev, mais fino será, logo, deverá derreter antes de chegar ao Estreito de Fram. Isto significa menos nutrientes para o plâncton do Ártico, que terá assim menor capacidade para atrair dióxido de carbono da Atmosfera.  E contribuirá para um degelo cada vez mais rápido das calotas polares.

Continue a ler esta notícia