Mário Silva é daqueles jogadores mal-amados, que conseguem afirmar-se num primeiro momento para depois passarem por autênticas travessias no deserto e, de forma surpreendente, regressam novamente à boa forma. No futebol existem inúmeros casos similares e o lateral-esquerdo enquadra-se nesse grupo.
No F.C. Porto assume, agora, o papel de jogador mais ofensivo, como avançou José Mourinho, o que lhe deu espaço para jogar nos últimos desafios. Obviamente que existe um factor fundamental para esta súbita afirmação de Mário Silva: o seu concorrente directo, Nuno Valente, continua lesionado, o que abre uma vaga óbvia. Após dois anos de muita indefinição, parecia que esta época a música seria a mesma, mas a partir do jogo da Taça de Portugal, com o Boavista, o lateral agarrou a oportunidade e parece estar a crescer.
Poucos dias depois de ter sido titular pela primeira vez esta época, precisamente contra o clube onde se formou, Mário Silva voltou a entrar no «onze», desta vez com o Partizan de Belgrado, para a Liga dos Campeões. Culminando uma semana em cheio, o treinador voltou a dar-lhe a possibilidade de entrar na equipa principal e acabou por ser um dos jogadores em maior destaque na vitória por 4-1 sobre o Gil Vicente. Excelente, considerando que no resto da época Mário só tinha jogado cerca de quinze minutos, na quarta jornada frente ao União de Leiria.
Mais jogos, maior afirmação
Os elogios têm vindo de todos os lados e esta sexta-feira Baltemar Brito, um dos adjuntos de Mourinho, voltou a vincar a ideia de que o lugar está bem entregue: «O Nuno Valente não joga com o Marítimo e acredito que com o Real também não. Temos o Mário Silva, que é uma boa opção. Passou algum tempo com alguma falta de confiança nele próprio e talvez isso o tenha levado a que nós também tenhamos perdido um pouco a confiança nele. Neste momento está muito bem, é um excelente profissional e tem dado conta do recado. Vamos continuar a aposta nele».
No primeiro ano de F.C. Porto fez 11 jogos completos e outros tantos incompletos, mas o lateral-esquerdo mais utilizado foi o adaptado Fredrick Soderstrom; no ano seguinte foi ainda pior, dado que no campeonato só por duas vezes foi titular e acabou por ter mais oportunidades na Taça UEFA, tendo entrado no «onze» nos dois embates com o Denizlispor e o Panathinaikos, o que lhe «garante» uma parte na conquista histórica da competição.
Quando está a chegar o ano de 2004, o lateral-exquerdo tem motivos para sorrir e deixar as lesões e as faltas de confiança, que o treinador fala, para trás, para um passado de menor afirmação. Mário Silva já se sente com motivação suficiente para marcar livres, rematar à baliza e apontar alguns cantos. Enquanto Nuno Valente continua no «estaleiro», tem a garantia de que vai jogar com o Marítimo e o Real Madrid. Depois logo se verá.