Vítor Pereira já viu as imagens de vídeo que a FIFA considera utilizar na apreciação do caso João Pinto, conforme o director de media daquele organismo avançou esta tarde. Tal como os outros árbitros presentes no Mundial, o juiz internacional português teve oportunidade de acompanhar uma montagem digitalizada que coloca duas câmaras em simultâneo, uma focada no jogador português, outra no árbitro argentino Angel Sanchez.
«São imagens obtidas a partir de ângulos diferentes. Numa vê-se o João Pinto a mover o braço em direcção ao estômago do árbitro, noutra vê-se a reacção deste, a partir daí, com aquele movimento de surpresa e recuo de quem levou um murro». Para Vítor Pereira, não sendo cem por cento conclusivas («acredito que juridicamente talvez possam ser rebatíveis») as imagens contribuem para compôr um quadro sombrio para o jogador português: «Para lá das imagens ainda há o testemunho do árbitro, as fotografias feitas pelos médicos após o fim do jogo e o próprio pedido de desculpas do jogador», relembra Vítor Pereira.
Sem fazer quaisquer previsões sobre as consequências que possam vir a cair sobre o jogador, o árbitro português exprime apenas um desejo: «Espero que os depoimentos não registem quaisquer inverdades, porque senão a emenda será pior do que o soneto». Tendo já tido conhecimento de que a APAF, associação dos árbitros portugueses, já condenou a atitude de João Pinto, Vítor Pereira aponta questões de fundo para explicar o sucedido: «Isto é o resultado de uma cultura de desresponsabilização que se instalou no futebol português. É o preço a pagar, por exemplo, por dez despenalizações sucessivas na I Liga e pelo desrespeito instalado em relação às decisões dos árbitros», conclui com alguma amargura.