PJ recupera quadro apreendido a João Rendeiro. Foi vendido por mais de 126 mil euros - TVI

PJ recupera quadro apreendido a João Rendeiro. Foi vendido por mais de 126 mil euros

  • CNN Portugal
  • 21 jan 2022, 19:37

PIASKI, de Frank Stella foi detetado numa galeria de arte em Bruxelas

A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e com o apoio da Polícia Federal Belga, localizou e reteve o quadro intitulado PIASKI, do artista Frank Stella. A obra, apreendida a João Rendeiro, encontrava-se "descaminhada" e foi vendida em março de 2021 por 126.274,99 euros, através de uma leiloeira de Nova Iorque.

A Polícia Judiciária identificou o quadro em exposição numa galeria de arte em Bruxelas. "Uma vez localizado o quadro em questão, mediante pedido de cooperação judiciária internacional, o Ministério Público, através do DCIAP, solicitou às autoridades belgas a formalização da sua apreensão, tendo esta Polícia Judiciária procedido à sua recolha", afirma uma nota da Polícia Judiciária a que a CNN Portugal teve acesso.

A obra foi apreendida mediante um um inquérito onde, entre outros, se investiga o descaminho de obras de arte que se encontravam apreendidas ao antigo líder do BPP, antes de fugir para a África do Sul. 

 

 

O desaparecimento de 15 quadros da coleção de Rendeiro motivou que a mulher, Maria de Jesus Rendeiro, fosse constituída arguida num processo ligado ao desaparecimento das obras de arte, das quais era fiel depositária, tendo sido sujeita a prisão domiciliária com vigilância eletrónica pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, que entendeu existir perigo de fuga, perigo de perturbação do inquérito/investigação e perigo de continuação da atividade criminosa.

Maria de Jesus Rendeiro foi detida no âmbito da operação D’Arte Asas dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal e executada pela Polícia Judiciária.

A mulher de João Rendeiro era fiel depositária dos quadros arrestados ao ex-banqueiro, considerando o tribunal que esta sabia das falsificações e do desvio das obras.

 

Na altura da detenção da mulher, o antigo presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro, condenado no final de setembro de 2021 a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, estava em parte incerta após ter fugido à justiça.

Detido em 11 de dezembro na cidade de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, tendo João Rendeiro de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.

João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

João Rendeiro foi esta sexta-feira novamente presente a tribunal em Verulam, Durban, para uma sessão em que os documentos do pedido de extradição enviados por Portugal foram aceites pelo magistrado Johan Van Rooyen, que preside à sessão.

No entanto, um dos selos de lacre dos documentos estava violado e o Ministério Público vai pedir que os mesmos sejam devolvidos por via diplomática a Portugal para serem revistos e novamente selados.

O pedido de extradição vai ser analisado no dia 27 de janeiro.

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