Reabilitação do rio Tinto é possível - TVI

Reabilitação do rio Tinto é possível

Ambiente

Descargas ilegais de habitações e unidades industriais são um problema

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O Movimento em Defesa do Rio Tinto reafirmou esta segunda-feira que é possível reabilitar este curso de água, cujo nome tem origem numa batalha travada no século X, mas frisou ser necessário resolver os «graves problemas» ainda existentes em Gondomar. «O grande problema é no troço do rio que atravessa o concelho de Gondomar», salientou Carlos Magalhães, daquele movimento ambientalista, citado pela Lusa.

Em causa está o facto de ainda não estar concluída a rede de saneamento nas zonas atravessadas pelo rio, o que origina inúmeras descargas ilegais de habitações e unidades industriais. «Não pode haver reabilitação do rio sem estar concluída a rede de saneamento», frisou o ambientalista, denunciando ainda o mau funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Rio Tinto.

Segundo Carlos Magalhães, «antes de chegar à ETAR, a água do rio tem limpidez, mas quando sai deixa de se ver o fundo do rio, o que quer dizer que a estação não está a fazer o tratamento adequado».

Garantias para a reabilitação

Nos contactos que tem mantido com as autoridades locais, o Movimento em Defesa do Rio Tinto (MDRT) já obteve garantias quanto à reabilitação nos pequenos troços em Valongo e no Porto.

«Em Valongo, a intervenção é fácil. O rio tem cerca de um quilómetro naquele concelho e, apesar de não estar prevista nenhuma intervenção imediata, existe abertura da empresa municipal para resolver os problemas existentes», revelou.

Relativamente ao Porto, o dirigente ambientalista salientou que a empresa Águas do Porto «tem uma estratégia de actuação clara e está a concretiza-la».

O processo envolve a despoluição do rio, mas também o desentubamento do curso de água que está coberto e a sua posterior reabilitação.

Responsabilidade dos três municípios

Para os responsáveis do MDRT, estes objectivos devem ser também assumidos e aplicados pelas entidades do concelho de Gondomar responsáveis por esta área, defendendo que a reabilitação do Rio Tinto deve resultar de «uma convergência» entre os três municípios atravessados pelo curso de água.

«Estamos certos que a reabilitação do Rio Tinto é possível, basta delinear um plano intermunicipal com acções concretas no terreno», afirmou Carlos Magalhães, salientando ainda a importância de uma campanha de educação ambiental que transmita a importância dos recursos hídricos.

Neste contexto, o MDRT promove a 19 de Abril, uma caminhada ao longo das margens, apelando a uma participação massiva da população nesta iniciativa, que começa às 10:00, na Praceta do Parque Nascente.

A 7 de Março, o movimento promoveu uma jornada de limpeza, que reuniu cerca de quatro dezenas de voluntários e permitiu retirar 2,5 toneladas de lixo e entulho das margens e do leito do rio.

Origem do nome

Historicamente, o rio Tinto é referido como um dos lugares onde se travaram combates nas guerras que opunham cristãos e árabes no início da nacionalidade portuguesa.

Nos primórdios do século X, quando o conde Hermenegildo Gonçalves era governador do Condado Portucalense, o califa Abdelramam III, Emir de Córdova, fez uma violenta investida sobre esta região, numa tentativa de conquistar o Porto.

Na sequência dessa movimentação militar, em 824, o rei Ordonho II, da Galiza e Leão, veio em socorro do seu sogro, o conde Hermenegildo, e conseguiu afastar os mouros, perseguindo-os para longe da cidade.

A batalha mais sangrenta foi travada junto a um ribeiro de águas límpidas, rezando a lenda, que o sangue derramado pelos combatentes tingiu a água do curso de água, que passou a ser conhecido como rio Tinto.
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