O secretário de Estado dos Transportes disse esta terça-feira que o setor passou de «patinho feio a cisne», uma vez que foi alcançada «paz social» e concretizada uma consensual reestruturação da oferta nas áreas metropolitanas, escreve a Lusa.
Uma leitura que não é partilhada pelos representantes dos trabalhadores que hoje estiveram reunidos com Sérgio Monteiro, lamentando que o Executivo queira persistir no Plano Estratégico de Transportes, o que será um «fator de conflito» e trará «um futuro complicado aos trabalhadores e utentes».
Mas a visão do secretário de Estado é mais otimista: «Um setor que aceitou o repto do Governo e que apresentou os resultados que apresenta até aqui, não pode ser considerado um patinho feito ou, quando muito, era um patinho feio e agora é um cisne», afirmou, em declarações aos jornalistas.
Isto «porque conseguimos paz social, reestruturar a oferta nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto com o acordo de todos e vamos aprofundar as medidas de reestruturação operacional com a fusão de empresas», acrescentou o governante, no final de uma reunião com organizações representativas das empresas públicas de transportes, que decorreu no Ministério da Economia.
Trabalhadores saem sem respostas de reunião com Governo
Contudo, e apesar das palavras do secretário de Estado, as organizações dos trabalhadores das empresas de transportes saíram sem respostas da reunião com o Governo, e sem garantias que permitam a manutenção da paz social, disse o coordenador da FECTRANS.
«Não trazemos nada de novo que nos possa dizer que vamos ter uma paz social daqui para a frente, antes pelo contrário», afirmou aos jornalistas José Manuel Oliveira, no final da reunião com o secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que decorreu no Ministério da Economia.
O coordenador da FECTRANS disse que a reunião foi «muito genérica», tendo os representantes de mais de uma dezena de organizações de trabalhadores (sindicatos e comissões de trabalhadores) colocado uma «série de questões», relacionadas com a fusão das empresas e possíveis despedimentos, entre outros temas, que «não tiveram resposta».
«Achamos que o Governo vai procurar persistir - com mais negociação, com mais diálogo com sindicatos ou não - naquilo que é a sua linha estratégica, que está definida no Plano Estratégico de Transportes e que pensamos que vai ser um fator de conflito», disse José Manuel Oliveira.
O coordenador da FECTRANS previu ainda «um futuro complicado, quer para os trabalhadores, quer para os utentes dos transportes».
Já o secretário de Estado afirmou aos jornalistas «que o Governo tudo fará para que, se houver necessidade de ajustamentos adicionais de efetivos, estes sejam feitos no mesmo clima de paz social que foram feitos até aqui», acrescentando que o Executivo procurará «fazer tudo para que não haja despedimentos».
O secretário de Estado adiantou que cerca de «um milhar de trabalhadores» das empresas públicas de transportes já mostrou disponibilidade para assinar rescisões por mútuo acordo.
Transportes: de «patinho feio a cisne»
- Redação
- JF
- 21 fev 2012, 22:09
Governo otimista na reestruturação do setor. Representantes dos trabalhadores discordam e antecipam «futuro complicado»
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