OE 2010: défice inferior a 8% é possível

O economista António Nogueira Leite considerou esta quarta-feira que há «margem para que se acabe o ano» de 2010 com um défice abaixo dois oito por cento, um valor inferior ao previsto pelo Governo no Orçamento do Estado (8,3 por cento do PIB).

«Estou absolutamente convencido de que, se houver o mínimo de empenho, há margem na maneira como o OE foi feito para que se possa e se deva acabar o ano abaixo dos oito por cento», disse o economista à Agência Lusa, acrescentando que esperava «que esse fosse um dos dados certos do Orçamento».

«O Governo está à espera de uma margem para fazer um bonito no final do ano», comentou o economista, para quem este valor «é pouco para aquilo que serão as expectativas dos mercados internacionais».

«Estamos a continuar o grosso do ajustamento para anos posteriores e estamos (...) a cortar no investimento que podia ter efeito directo este ano e não cortamos nada, antes pelo contrário, continuamos a dar margem aos empreiteiros para todos os investimentos de longo prazo que não afectam a economia este ano e que são vistos lá fora como aumentos do endividamento do país e aumentos da despesa no médio e no longo prazo».

«Esse sinal é um mau sinal, já é quase teimosia».

A estimativa do Executivo aponta para um défice de 8,3 por cento para este ano, contra 9,3 por cento em 2009.

Os números estimados pelo Governo apontam para um défice de 15.366,2 milhões de euros no ano passado (9,3 por cento) e projecta ainda que o Estado deverá contrair um défice na ordem dos 13.954,4 milhões de euros este ano (8,3 por cento).