Quercus quer projecto do IC33 «chumbado» - TVI

Quercus quer projecto do IC33 «chumbado»

Ambiente

Organização ambientalista pretende evitar destruir «vastas áreas» de montado

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A construção do lanço do Itinerário Complementar 33 (IC33) entre Grândola e Évora vai destruir «vastas áreas» de montado de sobro e azinho e habitats de aves ameaçadas, alertou esta terça-feira a associação ambientalista Quercus, noticia a Lusa.

«O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) deste troço, cuja consulta pública termina hoje, não está bem feito e, por isso, a decisão do Governo terá de ser desfavorável», argumentou à Agência Lusa Domingos Patacho, da Quercus.

Segundo o ambientalista, no EIA relativo ao lanço do IC33 Grândola/Évora, «não estão devidamente cartografadas todas as áreas» com povoamentos de sobreiros e azinheiras afectadas pelas duas hipóteses de traçado propostas.

«O estudo reconhece entre 11 a 40 hectares de montado, mas há muitos povoamentos de sobreiros e azinheiras no terreno que não estão identificados, sobretudo nas melhores áreas, entre o Torrão e Santa Margarida do Sado», denunciou.

O EIA, acrescentou o ambientalista, devia ainda referir que «um dos dois traçados propostos tinha menos impactos do que o outro, em termos da área de montado afectada, o que não acontece».

«Com este estudo deficitário, o Governo não tem todos os elementos que precisa para emitir a Declaração de Impacte Ambiental. Quem vai decidir, olha para o EIA e não sabe o que está no terreno», afiançou Domingos Patacho.

A Quercus reclama que a decisão governamental «só pode ser desfavorável» e alerta para os elevados impactes da nova via rápida, ao longo dos seus «70 quilómetros».

A afectação de «áreas condicionadas para a protecção dos recursos hídricos» e de uma zona de habitats «importante para a conservação de aves ameaçadas» é outro dos impactos mencionados pela associação ambientalista.

«As propostas incluem traçados que atravessam o corredor ecológico» definido no Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alentejo Central, na zona de Alcáçovas (Viana do Alentejo), essencial para a «mobilidade da fauna», afirma a Quercus.

A Zona de Protecção Especial (ZPE) para aves selvagens de Évora, vocacionada para espécies ameaçadas prioritárias como a abetarda e o sisão, «também é afectada», assim como terrenos envolventes classificados como Área Importante para as Aves (IBA).

Nas zonas abrangidas pelas propostas de traçado do IC33, existem também «muitas explorações agrícolas e florestais com projectos de investimento» apoiados por fundos comunitários, que vão ser «prejudicadas», afiançou Domingos Patacho.

O ambientalista argumentou que o IC33, que envolve um investimento «entre 91 a 119 milhões de euros», consoante o traçado proposto, «não é necessário», devendo sim o Governo «beneficiar as estradas já existentes».

«É um projecto que envolve muito dinheiro e os prejuízos são muito superiores aos ganhos», sustentou.
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