Sp. Braga-Vitória: o dérbi que acabou com Conceição e Vitória «picados» - TVI

Sp. Braga-Vitória: o dérbi que acabou com Conceição e Vitória «picados»

Braga-Guimarães (LUSA/ José Coelho)

Época 2014/15, os gigantes minhotos lutavam na altura pelo quarto lugar; Sérgio acabou o jogo a garantir que ficaria à frente da equipa de Guimarães. E cumpriu. Terça-feira há mais.

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História de Um Jogo é uma rubrica do Maisfutebol. Escolhemos um dos encontros da Liga portuguesa e partimos em busca de histórias e heróis de campeonatos passados. Às quinta-feiras, de 15 em 15 dias.

A rivalidade é centenária. O Sporting Clube de Braga fundado em 1921, o Vitória Sport Club em 1922; os Guerreiros do Minho a representarem a capital religiosa do norte, os vitorianos a envergaram ao peito o rei conquistador e o berço da nação. 

Transportado para os campos de futebol, esta dicotomia ancestral só podia resultar em batalhas ferozes, sempre emocionais, muitas vezes polémicas. Só para o campeonato nacional da 1ª divisão, o Vitória já visitou o vizinho braguista em 61 ocasiões e o saldo não é famoso. 

Os de Guimarães venceram 11 vezes e empataram 12. As outras 38 partidas penderam para os da casa, os herdeiros desportivos da grandiosa Bracara Augusta, importante cidade do outrora grandioso império romano. 

A três dias do 62º capítulo do dérbi do Minho jogado em Braga, o Maisfutebol foi olhar o histórico e recuperar um jogo que, na época, fez correr muita tinta. Como não podia deixar de ser.  

O jogo até acabou empatado a zeros - uma raridade, seis vezes em 61 partidas -, mas houve oportunidades de golo, três expulsões e treinadores «picados» no final do dérbi. Treinadores que anos depois se viriam a transferir para outros grandes de Portugal: Sérgio Conceição e Rui Vitória. 

Pedro Santos, Tomané e André Pinto no dérbi de 2014

Matheus e André André: seis anos depois, os resistentes 

A crónica de jogo assinada pelo jornalista Germano Almeida fala de um dérbi «equilibrado, quezilento e sem golos». Uma primeira parte «promissora», com um caudal ofensivo «muito forte» da equipa treinada por Sérgio Conceição «nos primeiros 15 minutos» e algum equilíbrio a partir daí. 

A tensão subiu de tom no segundo tempo, o dérbi passou a ter demasiadas «picardias» e tudo acabou por «explodir no final». «Saiu a perder o dérbi, o espetáculo e as três equipas. Era escusado, mas tem a ver com o tal carisma muito próprio que este duelo já tem», assinala o artigo do Maisfutebol

Os dérbis jogam-se com os nervos à flor da pele, e esse ainda mais. O Vitória, de Rui Vitória, chegou a Braga no segundo lugar e tinha o Sp. Braga a cinco pontos, no quarto posto. Só o triunfo interessava, por isso, aos homens de Sérgio Conceição. 

Nada feito. Nesse dia 7 de dezembro de 2014, acabou tudo empatado. Na ficha de jogo, curiosamente, já estavam Matheus (na baliza do Sp. Braga) e André André (no meio-campo vitoriano). Seis anos e alguns meses depois, eles lá continuam. Resistentes e portadores das místicas dos respetivos emblemas. André André foi mesmo o melhor em campo para o nosso jornal.

Sérgio diz que vai ficar à frente de Vitória. E cumpre. 

Com um final daqueles, cheio de tensão, as conferências de imprensa só podiam ser animadas. Muito antes de se provocarem antes e depois dos seus duelos nos FC Porto-Benfica, Sérgio Conceição e Rui Vitória já trocavam recados. 

Nessa noite fria em Braga, Rui Vitória elogia o terceiro lugar - foi ultrapassado pelo FC Porto - e lembra que tem uma equipa de miúdos. «Qualquer dia até nos pedem o primeiro lugar», ironiza, depois de sublinhar que as expulsões eram inevitáveis. «Estava mesmo a ver-se.» 

Conceição falou depois. Provavelmente irritado por não se chegar aos rivais e por ouvir Vitória dizer que a sua equipa esteve mais perto do triunfo, Sérgio deixou uma mensagem forte: «Não sou papagaio, sou objetivo. Sou frontal. digo o que penso. Acho que o empate é justo. Não vou dizer que a haver um vencedor seríamos nós. Não vou em discursos bonitos.»

Na verdade, este duelo de palavras já vem de umas semanas antes e do duelo entre as equipas para a Taça de Portugal. O Sp. Braga vence em Guimarães, Rui Vitória diz que a derrota é injusta e Sérgio não gosta. Depois do dérbi do campeonato, Conceição relativiza os cinco pontos de atraso para os vizinhos e garante que no final da prova será diferente. 

«Tenho a certeza de que no final da época o Sp. Braga vai ficar à frente do Vitória.» Confirma-se: o Sp. Braga fecha a Liga 2014/15 com 58 pontos, no quarto lugar, o Vitória acaba em quinto, com 55. 

Na terça-feira há mais. O dérbi que é «mais intenso do que um Benfica-Sporting»

FICHA DE JOGO:

SP. BRAGA-VITÓRIA, 0-0

7 de dezembro de 2014
Estádio Municipal de Braga, 8600 espetadores
Árbitro: Carlos Xistra

SP. BRAGA: Matheus; Baiano, André Pinto, Aderlan Santos e Tiago Gomes (Pedro Santos, 36); Rafa Silva, Danilo, Pedro Tiba e Alan (Sami, 81); Felipe Pardo (Salvador Agra, 67) e Eder. 

Não utilizados: Kritciuk (GR), Sasso, Luiz Carlos e Custódio
Treinador: Sérgio Conceição

VITÓRIA: Assis; Bruno Gaspar, Josué Sá, João Afonso e Adama Traoré; Bouba Saré, Bernard Mensah (Nii Plange, 90) e André André; Hernâni, Jonathan Álvez (Tomané, 23) e Alex Freitas (Cafú, 81).

Não utilizados: Miguel Oliveira (GR), Chemmam, Crivellaro e David Caiado.
Treinador: Rui Vitória

Cartões vermelhos: Bruno Gaspar (88), Salvador Agra e André André (90)

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