«A minha paixão não tem divisão» - TVI

«A minha paixão não tem divisão»

João Figueiredo (foto: arquivo pessoal)

João é natural de uma vila da Serra da Estrela e a dedicação ao Belenenses sensibilizou o plantel, que lhe enviou uma mensagem no dia em que fez 18 anos

O gélido dia 17 de janeiro foi possivelmente um dos mais calorosos da vida de João. Na data em que atingiu a maioridade tão ansiada por qualquer adolescente, foi surpreendido por um vídeo publicado nas redes sociais.

Sensibilizado pela paixão ao Belenenses, o plantel da equipa sénior do clube – que compete nos distritais de Lisboa – enviou-lhe uma mensagem de parabéns e convidou-o para passar um momento diferente na próxima vez em fosse ao Restelo ver a equipa que apoia.

João Figueiredo, nascido e criado em São Romão, pequena vila na Serra da Estrela, é um fervoroso apoiante do Belenenses que tenta reerguer-se desde as profundezas do futebol português e já fez por mais de uma vez cerca de 800 quilómetros (ida e volta) só para ver a equipa jogar.

 

Há uma dúvida que não nos sai da cabeça quando esbarramos com esta informação: como nasceu este amor?

João esclarece. Afinal de contas, há qualquer coisa de hereditário também no admirável mundo dos sentimentos. «O meu avô paterno também era do Belenenses. Não tenho memórias dele, mas o meu pai dizia-me que ele gostava muito do Belenenses. Sempre tive um grande carinho pelo Belém e desde a época 2016/17 que sou sócio do clube», conta ao Maisfutebol.

Mas aos seis anos, e depois de paixões fugazes por Benfica e Manchester United de Cristiano Ronaldo – «naquela idade eu era facilmente influenciável», tenta justificar-se – João já olhava para a Cruz de Cristo de uma forma especial. «Lembro-me perfeitamente de ver a meia-final da Taça em 2007 frente ao Sp. Braga e depois a final no Jamor contra o Sporting. Estava sempre a torcer pelo Belenenses.»

Para além do avô já falecido, João não conhece ninguém na família que partilhe com ele o gosto pelo clube lisboeta. Só esta época já viu três jogos do Belenenses: um na apresentação aos sócios contra o vizinho Atlético, outro frente ao Talaíde para o campeonato e o mais recente diante do Estrela da Amadora na Reboleira. Mais coisa, menos coisa, 2 mil quilómetros em cerca de meia época.

Mas este ano é tudo diferente. «Derivado a tudo o que aconteceu», simplifica, referindo-se à separação entre clube e SAD, que conduziu à saída do plantel profissional do Restelo para o Jamor e à criação de uma nova equipa sénior.

João (por cima do «z» de azul) diz que tem o sonho de ver o Belenenses na 1.ª divisão

Mesmo numa altura em que as relações entre clube e SAD já não eram as mais saudáveis em anos anteriores, João sofria pela equipa. As fotografias com jogadores e as declarações apaixonadas publicadas nas redes sociais são provas disso mesmo, mas agora havia que escolhar um lado. E não teve problemas em optar por aquele pelo qual terá de ser mais paciente. «Foi bastante fácil. Obviamente que estou sempre do lado do clube. A minha paixão não tem divisão», dispara.

Para João, que espera ver o Belenenses que escolheu chegar ao topo do futebol português daqui a cinco ou seis anos, os jogadores desta equipa que lidera a Série 2 da 1.ª divisão da Associação de Futebol de Lisboa nunca serão esquecidos. Afinal de contas, mais do que os símbolos de uma rutura, são os rostos de um novo rumo. «Todos os jogadores que representam este plantel são ídolos. Depois tenho aqueles que não vi jogar mas que são lendas: Matateu, Vicente, Mladenov…»

Não há dúvida: é um amor transcendental. Em fevereiro, sozinho ou acompanhado, João deverá voltar ao Restelo. E, possivelmente, o coração vai bater aí mais forte do que nunca pelo Belenenses.

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