A pausa, Huntelaar e a alegre história da Laranja continua - TVI

A pausa, Huntelaar e a alegre história da Laranja continua

Huntelaar

Holanda dá a volta ao México e está nos quartos de final do Mundial

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76 minutos de jogo no Castelão, Pedro Proença manda toda a gente parar. Pausa para refrescar, no primeiro jogo neste Campeonato do Mundo formalmente interrompido por causa do calor. No banco da Holanda, que perdia por 1-0, Van Gaal tirava Van Persie e fazia entrar Klaus Jan-Huntelaar. A Laranja já estava em cima do adversário por essa altura, mas as coisas não estavam a sair. Saíram. Aos 88m Huntelaar atrasou de cabeça para Sneijder marcar o 1-1. E já nos descontos converteu o penálti que selou a reviravolta e mandou a Oranje para os quartos de final do Campeonato do Mundo. A terceira reviravolta da Holanda neste Mundial.

Foi histórica a «cooling break», como chama a FIFA ao período de três minutos previsto para jogos em que a temperatura exceda os 32 graus, mas Louis Van Gaal deu-lhe toda uma outra dimensão. O treinador explicou no final que aproveitou a paragem para mudar a tática da equipa. A Holanda tinha começado com o 5x3x2 que trouxe a este Campeonato do Mundo. Depois de uma primeira parte dividida e de o México se adiantar no início da segunda, a Holanda já tinha derivado para um 4x3x3, com a entrada de Depay para a esquerda e Robben à direita, no apoio a Van Persie.


Van Gaal conta o que decidiu depois, a partir da paragem: «Aproveitei a pausa para mudar a tática. Foi uma vantagem, foi quando começámos a usar o plano B. Sabíamos que íamos ter esta pausa e treinámos isto, com Huntelaar e Kuyt na frente para bolas longas.»

Podemos estar a falar de uns pontos valentes a favor de quem defende a introdução de descontos de tempo no futebol. A ver. Para já, foi perfeito para a Holanda.

Por causa de 15 minutos incríveis para Huntelaar também, claro. O avançado do Schalke jogou os seus primeiros minutos no Campeonato do Mundo. Ao todo, teve menos de duas mãos cheias de ações em jogo. E sai de Fortaleza com um golo e uma assistência.

Um dado estatístico sobre o que fez em Huntelaar em campo


Huntelaar no Mundial, nos dados da FIFA 



Este é o segundo Campeonato do Mundo de Huntelaar, o avançado que se estreou em palcos internacionais com a camisola da Holanda pela mão de Louis Van Gaal ainda antes de cumprir 18 anos. Foi no Campeonato do Mundo sub-20 de 2001, quando a equipa caiu nos quartos de final. Confirmou todo o seu potencial no Europeu de sub-21 de Portugal, em 2006, quando liderou a Holanda até à conquista do troféu.

Depois de passar pelo Real Madrid e a seguir pelo Milan, sem cumprir as altas expectativas que tinha criado, encontrou estabilidade no Schalke, onde chegou em 2010. Pelo caminho foi presença regular na seleção da Holanda, pela qual tem um registo impressionante: 35 golos em 63 jogos, contando com este. Mas isso não lhe valeu estatuto de indiscutível.

Em 2010 fez parte dos 23 da Holanda para o Mundial da África do Sul, como opção para o banco. Entrou em quatro jogos na caminhada da Laranja até à final, marcou um golo. Contando com este domingo em Fortaleza, tudo junto tem pouco mais de setenta minutos jogados no Campeonato do Mundo. Aproveitou-os para marcar dois golos e fazer uma assistência.

Esta época liderou o Schalke até ao terceiro lugar na Bundesliga, com 12 golos marcados no campeonato alemão. Mas da marca dos 11 metros as coisas nem andavam a correr-lhe bem. Outro dado estatístico:


Mas quando Pedro Proença apitou para a marca, a assinalar falta sobre Robben, o jogador do Bayern Munique deu-lhe um sinal de confiança. «O Robben pegou na bola, mas perguntou-me se queria marcar», contou Huntelaar: «Recentemente falhei um, portanto sentia alguma pressão. Os guarda-redes sabem que eu bato sempre para um canto, mas não tive coragem para bater para o centro.»

Ochoa foi para a esquerda, a bola de Huntelaar para a direita. 2-1, a Holanda estava nos quartos de final. «Foi pura adrenalina. Isto é a melhor droga que há», exulta Huntelaar.

Van Gaal também deve estar a pensar algo de parecido, ele que tem tirado rendimento extraordinário das substituições neste Mundial. A Holanda não apenas deu três vezes a volta a resultados negativos (com a Espanha, Austrália e agora o México), como viu quatro dos seus últimos cinco golos marcados por suplentes: Depay com a Austrália, Leroy Fer e Depay com o Chile, agora Huntelaar. 

O resto é a história de um jogo épico, dividido até ao intervalo e marcado por uma má decisão de Proença, que não apitou um penálti a favor da Holanda, de um golo no início da segunda parte de Giovani dos Santos que permitiu ao México acreditar, de pressão da Holanda que voltou a fazer do guarda-redes mexicano Ochoa homem do jogo (incrível a defesa com a cara aos 57m, a remate de De Vrij).

Ochoa despede-se do Mundial com uma legião de fãs, ele que vai ficar sem clube a partir deste 30 de junho.


No fim a festa foi da Holanda , não isenta de polémica.  O selecionador do México acabou a discutir com Pedro Proença e a questionar a arbitragem do juíz português, Robben admitiu que chegou a simular um penálti, mas não aquele que Proença apitou.  

Numa eliminatória dramática como esta, também houve alguns excessos de entusiasmo. A principal companhia aérea holandesa, por exemplo, publicou este Tweet logo a seguir ao apito final. Depois apagou-o.


Recorde aqui o relato  ao minuto e leia a crónica do Holanda-México
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