Casas: vale a pena recorrer a permuta? - TVI

Casas: vale a pena recorrer a permuta?

  • Sónia Peres Pinto
  • 13 mar 2009, 08:21
Casa [Arquivo]

Clientes dispensam crédito e ainda têm vantagens fiscais, como isenção do IMI

Trocar de casa através de permuta-recente campanha levada a cabo pela Remax, em que os clientes deixam de ter de recorrer ao crédito bancário, não parece convencer os seus concorrentes, que admitem que esta «nem sempre é a melhor solução».

«Já há muito tempo que o sector faz trocas de casas através de permutas, mas nem sempre resulta. Em 10 interessados só se consegue concretizar uma operação. A probabilidade de ocorrer o negócio perfeito é muito pequena», revela o presidente da Century21, Ricardo Sousa, à Agência Financeira.

Já para a Era «trata-se de uma forte campanha de marketing». O responsável de comunicação da mediadora, Jorge Garcia, diz ainda que é «mais uma solução que o sector tem vindo a lançar para fazer face ao abrandamento da procura e à restrição do crédito por parte das instituições financeiras».

Recorde-se que, a Remax Portugal lançou, na passada terça-feira, e por seis meses, uma «Bolsa de Permutas» de habitação aberta a todos os proprietários que queiram trocar de casa, sem terem necessidade de recorrer ao crédito.

Casas: vem aí campanha directa de trocas

O presidente da empresa, Manuel Alvarez, disse estar à espera que, com esta acção, possam entrar três mil imóveis. O arranque vai contar com um milhar de casas. Devido a estas dificuldades «de encontro perfeito», Ricardo Sousa aponta o arrendamento como uma das melhores soluções para quem não quer recorrer ao crédito bancário.

Obstáculos à troca

«Entre clientes individuais é como acertar no jackpot a probabilidade de descobrir alguém queira permutar uma casa por outra. As casas não são um bem comum em que a troca seja simples».

Rendas vão voltar a aumentar



A verdade é que esta operação apresenta algumas barreiras, em que o preço é um dos principais obstáculos. Ricardo Sousa exemplifica com um caso.

Por exemplo, o cliente A é proprietário de uma moradia com um preço de venda de 250.000.00 euros e o cliente B oferece um apartamento no valor de 160.000.00 euros, mais 65.000.00 euros (oferta total 225.000.00 euros), ou seja, o valor final da oferta é inferior ao valor pedido pela moradia do cliente A.

Conclusão: o cliente A acha que o apartamento do cliente B não vale 160.000.00 euros, mas sim 145.000.00 euros, enquanto a sua casa vale os 250.000.00 euros.

«Com estas posições extremadas existe um fosso que muito dificilmente é ultrapassado».

Um problema que, no seu entender, nem sempre acontece com a construção nova. «O construtor quer liquidez e vai tentar fazer dois bons negócios. Tenta ficar com a casa do cliente por um valor abaixo do valor de mercado, para poder rapidamente realizar a venda e ter liquidez».



Vantagens fiscais

Além de evitar o recurso ao crédito, Ricardo Sousa chama ainda a atenção para as vantagens do ponto de vista fiscal, caso a permuta avance. Por exemplo, os proprietários não necessitam de pagar o Imposto Municipal sobre as Transmissões (IMT).

Uma mais-valia tendo em conta que este imposto vai subir mais 135 euros, no início de Abril. É o efeito da cláusula de salvaguarda, um mecanismo criado em 2003 para evitar que, com a reforma dos impostos sobre o património então decretada, o aumento atingisse quantias incomportáveis logo nesse ano, diluindo a subida pelos anos posteriores.
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