A vida de um terceiro guarda-redes: «Faço chá e vou para a bancada» - TVI

A vida de um terceiro guarda-redes: «Faço chá e vou para a bancada»

Robert Green

Rob Green, titular por Inglaterra no Mundial 2010 e agora no Chelsea, nega ter aceitado a função por questões monetárias e explica como é ser a terceira escolha aos 39 anos

Se a posição de guarda-redes já é ingrata por si só, ser a terceira escolha para desempenhar essa mesma função ainda mais ingrato é. Trabalham a semana toda, mas sabem que as hipóteses de jogarem são poucas ou nenhumas.

Alguns aceitam essa função ao longo da carreira, mas o mais comum é fazê-lo no final. É o caso de Rob Green, antigo internacional pela Inglaterra e terceiro guarda-redes do Chelsea. Aos 39 anos, o inglês admitiu, em entrevista à BBC, que ninguém escolhe ser a terceira opção, mas que as circunstâncias é que ditam o futuro.

«Não foi algo que eu imaginasse a acontecer. Nunca pensei “um dia gostava de ser o terceiro guarda-redes”, mas a tua vida muda ao longo da tua carreira», explicou Green. 

Uma escolha que não é muitas vezes compreendida por muitos e que levanta questões monetárias. Foi o que aconteceu ao jogador do Chelsea quando assinou pelos «blues» no início desta temporada, na altura com 38 anos. 

«Contactaram-me no inicio da temporada e perguntaram se eu queria assinar pelo Chelsea. Em altura alguma eu perguntei “por quanto”», disse o guarda-redes, adicionando que para si o dinheiro «nunca foi um fator». 

Green, que deixou o Huddersfield no fim da época passada, onde também jogava como terceiro guarda-redes, explicou ainda que a decisão de assinar pelo Chelsea prendeu-se com o facto de querer «experienciar o futebol de topo da Premier League». 

«É a primeira vez que eu não olho para 40 pontos e penso 'ainda bem que conseguimos isto'. Ver como os jogadores trabalham tem sido uma grande experiência», confessou. 

Rob Green, que foi a primeira escolha da Inglaterra no Mundial de 2010, explica ainda como é que um terceiro guarda-redes trabalha ao longo da semana. Com companheiros de posição e topo, como Kepa e Caballero, Green admite que o método de trabalho é muito diferente quando não se é a primeira opção.  

«Há muito trabalho tático antes dos jogos, por isso, geralmente, às quintas e sextas eu treino mais como adversário do que como guarda-redes do Chelsea», explicou, tendo confessado ainda que a motivação também não é a mesma. «Existe uma grande diferença. A motivação para o jogo não está lá».

Treinar aos 39 anos não é a mesma coisa que quando se é mais jovem e Rob Green sabe isso melhor que ninguém. 
«Fisicamente continua a ser muito duro. Estás no campo todos os dias, durante sete dias por semana. Não é como quando se tem 21 anos. Eu tenho 39 e continuo a ficar mazelado. Continua a ser um trabalho exigente», manifestou o jogador. 
Mas mais do que a rotina diária nos treinos, são as diferenças sentidas em dias de jogo. 

«Eu vou a todos os jogos, faço o estágio, faço o aquecimento e ajudo a equipa de todas as formas que posso, seja a recolher as bolas, a defender remates ou a fazer cruzamentos. Depois, quando os jogadores estão prontos para entrar em campo, mudo de roupa, faço um chá e vou sentar-me na bancada», explicou. 

Nem a motivação, nem o sentimento de pertença são os mesmos dos companheiros, mas Green não esconde que quer que o Chelsea ganhe sempre.  

«Tu ficas desapontado quando a equipa perde e contente por eles quando ganham, mas não és tu. É algo ao qual tu pertences, mas não és tu a defender o remate», disse. 

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