«Vendi a medalha de campeão mundial e torrei tudo em cocaína» - TVI

«Vendi a medalha de campeão mundial e torrei tudo em cocaína»

Flávio Donizete (São Paulo)

O relato arrepiante de Flávio Donizete, ex-São Paulo, sobre o vício da droga

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Campeão do mundo pelo São Paulo em 2005, Flávio Donizete tocou o céu com 21 anos. No entanto, tornou-se um viciado em cocaína e perdeu tudo. Agora trabalha como jardineiro e vive da ajuda de Hernanes e Mineiro, figuras do tricolor paulista.

Eis o relato impressionante de Donizete, 15 anos após se ter sagrado campeão mundial de clubes frente ao Liverpool.

«Comecei a consumir cocaína em 2010. Depois de descobrir a cocaína, perdi demasiado. Consumia moderadamente, depois o vício ficou mais forte e comecei a perder tudo o que tinha. O dinheiro que guardava era para comprar droga. Não fica sem droga nem por nada. De manhã, à tarde ou à noite tinha de consumir. Perdi tudo, tudo, tudo. Só não perdi a minha esposa, as minhas filhas e a minha família, que está comigo ainda hoje. As pessoas que ajudei, os amigos... Ninguém falava comigo, ninguém me ajudava. Não confiavam em mim porque sabiam que se me ajudasse a primeira coisa que ia fazer era comprar droga», disse, ao Globo Esporte.

«Vendi a medalha de campeão do mundo por sete mil reais. Sabia que tinha a medalha, mas nunca me tinha passado pela cabeça vendê-la, caso contrário, já a tinha vendido antes. Se soubesse o que valia, tinha vendido antes. Não vou mentir. O meu primo ajudou-me e encontrou alguém para comprar a medalha. O meu primo trouxe o dinheiro e eu dei-lhe a medalha. Não culpo, não agiu de má fé. Ainda hoje me pede desculpa, porque não sabia o que eu estava a viver. Arrumava e desarrumava a casa umas 20 vezes por dia. Tudo por causa da droga. Depois de vender a medalha, recebi o dinheiro e torrei tudo em cocaína. Foram mil reais gastos em cocaína e usei-a em dois dias. Quanto mais tinha, mais queria», acrescentou.

Além da medalha, Donizete chegou a vender camisolas do São Paulo e ficou sem o carro. «Não cheguei a vender o carro, perdi-o porque não o conseguia pagar. Tinha um crédito e tinha de o pagar, mas gastava o dinheiro em cocaína. Chegou a faltar comida em casa? Sim. Comecei a trabalhar como pedreiro com o meu cunhado. Recebia à sexta-feira às cinco da tarde e só aparecia em casa sábado ao meio dia embriagado e com o nariz cheio de farinha», explicou.

A situação descontrolou-se completamente e Donizete admitiu que chegou a roubar os próprios familiares para sustentar o vício da cocaína.

«O mais difícil foi quando as pessoas deixaram de acreditar em mim, quando a minha esposa queria o divórcio. Cheguei a ficar uma semana separado dela (risos). O mais difícil é não acreditarem em ti, mesmo que estejas a dizer a verdade. Depois de tanto mentir para conseguir algo, as pessoas deixam de acreditar quando estás a dizer a verdade. Ninguém deixava uma carteira perto de mim. Desconfiavam de tudo e quando algo acontecia, culpavam-me sempre», confessou.

Com a ajuda de alguns antigos companheiros, a família e Donizete conseguiram sobreviver. Hernanes, por exemplo, chegou a depositar mensalmente dois mil reais na conta do ex-colega. 

Aos 36 anos Donizete está limpo e afirmou que «ter experimentado cocaína foi o maior erro» que cometeu, acrescentando que tem esperança de voltar a jogar.

E a medalha acabou por ser recuperada com a ajuda de um canal de televisão brasileiro.

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