Leicester: uma época de superação à imagem de Vardy - TVI

Leicester: uma época de superação à imagem de Vardy

Leicester City vs Liverpool (EPA)

Líder da Premier League deu mais um exemplo convincente do seu valor com a sua grande estrela em destaque maior. As provas à sua força continuam já a seguir

A surpresa que passa a ser sensação já dá nesta altura esperança de concretizar-se? O Leicester conseguirá mesmo ser campeão? É o que se vai perguntando antes de os números finais dizerem em que posição fica a equipa da raposa como mascote quando terminar a Premier League 2015/16. Foram já alguns os momentos de charneira a questionar as hipóteses da equipa que há duas épocas ainda estava no segundo escalão da Inglaterra.

 

Nesta semana está-se a meio de outros. O Leicester recebeu o mediático Liverpool de Jürgen Klopp na terça-feira e passou o teste com distinção. Mas o atual momento de teste ainda não acabou. Ficará terminado com as duas próximas jornadas quando o líder da Premier League defrontar dois adversários diretos na luta pelo primeiro lugar: o Manchester City (2º classificado) no sábado e o Arsenal (4º) no dia 14 – ambos fora de casa.

 

 

Muito poderá ficar a saber-se então quanto à solidez da possibilidade de o Leicester fazer o que só uma equipa conseguiu desde a formação da Premier League (1992/93): ganhar o título de campeão sem se chamar Manchester United, Arsenal, Chelsea ou Manchester City – nem o Liverpool o conseguiu (o último título de campeão inglês dos «reds» foi em 1990).

 

Apenas o Blackurn Rovers se intrometeu entre o domínio dos mais poderosos dos últimos 20 anos da liga inglesa: foi na época 1994/95. Com apenas mais dois campeonatos ganhos oitenta anos antes, os Rovers consumaram esta pedrada no charco na sequência da entada em cena de Jack Walker e da injeção de dinheiro do homem que tomou conta do clube em 1990 dando-lhe figuras com o treinador Kenny Dalglish ou o avançado Alan Shearer – e o título.

 

 

Não se pense que isto é um exclusivo do futebol inglês. O caráter excecional é vincado quando olhamos para alguns dos outros campeonatos da Europa nas décadas mais recentes. Na Itália, só os dois clubes da capital contrariaram o domínio tido pelas equipas de Milão e pela Juventus.

 

A Roma ganhou o seu terceiro campeonato (2000/01). E a Lazio o segundo título de campeão da sua história (1999/00) em consequência do investimento que a trouxe aos lugares europeus onde se mantém. A equipa mais recente – como pode ser o Leicester – a intrometer-.se em contas destas na Serie A foi a Sampdoria, que ganhou o seu único «scudetto» em 1990/91.

 

Em Espanha, a história não é muito diferente e a bipolarização Real Madrid/Barcelona raramente tem sido ultrapassada. E mesmo aceitando alguma normalidade nos dois títulos do Valencia (2001/02 e 2003/04) fruto de alguma instabilidade dos dois gigantes e da aposta valenciana (que também lhe rendeu duas finais da Liga dos Campeões) em ascender no futebol espanhol, a equipa «che» não passou, como outras, da segunda linha de favoritos a nível local – um pouco assim como o At. Madrid se tem mostrado desde há duas épocas.

 

O melhor exemplo espanhol para o Leicester encontra-se, então, em 1999/00 com o Deportivo a conquistar finalmente o seu primeiro (e até agora único) título de campeão de Espanha coroando o período de ouro da história do clube da Corunha com uma década no topo local.

 

Na Alemanha, o oásis mais perto está em Wolfsburgo com o clube local a conseguir frutos do investimento da Volkswagen em 2008/09. O primeiro título nacional germânico do atual vice-campeão sucedeu a outras exceções de clubes que já não eram virgens na conquista de campeonatos – como o Estugarda (2006/07) ou o Werder Bremen (2003/04). De resto, desde 1990, além de dois campeonatos para o Kaiserslautern, só o gigante Bayern Munique (em maioria) e o Borussia Dortmund (em quantidade bem menor) têm sido campeões na Alemanha.

 

 

Não são muitos, mas há exemplos que confirmam as apostas que vão ganhando força para os lados do Leicester. E, como já se disse, serão os números finais que decidirão sobre as expectativas; assim como são os números atuais também os que deixam as «raposas» bem colocadas para as 14 jornadas que faltam até final da Premier League com as duas próximas etapas já referidas.

 

Segundo estatísticas da «BBC», o líder do campeonato inglês não gosta de ter a posse de bola e só em uma das 14 vitórias teve mais bola do que o adversário. No triunfo sobre o West Ham em agosto, a equipa de Claudio Ranieri atingiu o mínimo neste parâmetro com apenas 30%. No triunfo desta terça-feira sobre o Liverpool teve também só 36% de posse de bola.

 

O Leicester de Ranieiri – 14º na última época, a do regresso à Premier League sob o comando ainda de Nigel Pearson – é uma equipa que gosta de dar a bola ao adversário para poder fazer uso das melhores armas que tem aproveitando a velocidade dos seus jogadores no desenvolvimento de um contra-ataque muito eficaz.

 

As «raposas» são a equipa mais rematadora e mais eficaz no contra-ataque do campeonato inglês, com cinco golos em 13 finalizações com remate neste aspecto particular. No geral, o Leicester tem a segunda melhor média de concretização da liga inglesa: 18%. Ranieiri tem surpreendido muito positivamente, pois se o técnico italiano tem um currículo muito respeitável quanto aos emblemas que já representou (como Juventus, Chelsea ou At. Madrid, por exemplo) nunca ganhou qualquer título de campeão num escalão principal.

 

 

A outra derrota foi com o Liverpool; resultado que foi vingado na terça-feira, com o maior destaque da equipa nesta época: o avançado Jamie Vardy; que deu mais uma noite de espectáculo aos seus adeptos: marcou os dois golos do triunfo e levantou o estádio logo ao primeiro.

 

 

E não são só os golos de Vardy que vale a pena recordar. Vale a pena também recordar a vida do atual líder dos marcadores da Premier League (18 golos) que, aos 24 anos, ainda trabalhava numa fábrica e que adiou o casamento para estar livre para o Euro 2016 – e o selecionador inglês, Roy Hodgson, até esteve em Leicester na terça-feira.

 

Vardy não só lidera a tabela dos marcadores da Premier League como bateu o recorde de jogos seguidos a marcar golos. O avançado inglês não faz a equipa toda, mas a sua importância tem sido tal que quando Vardy passou por uma seca de golos, algumas dúvidas quanto ao Leicester reapareceram.

 

Em seis jogos consecutivos em que Vardy não marcou, o Leicester ganhou dois, perdeu um e empatou três. Contra o Stoke, na penúltima jornada, Vardy voltou aos golos, frente ao Liverpool também e o Leicester passou mais um daqueles momentos de charneira para estar já noutro presentemente. A tendência por si construída, por enquanto, joga a seu favor...

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