Jornalista espanhol que foi refém do Estado Islâmico quebra silêncio - TVI

Jornalista espanhol que foi refém do Estado Islâmico quebra silêncio

Javier Espinosa foi mantido como refém pelos jihadistas do Estado Islâmico durante 194 dias

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Os jihadistas do Estado Islâmico juntaram até 23 reféns de 11 nacionalidades diferentes, dos quais sete estão mortos, numa prisão na Síria, criada à imagem da prisão militar norte-americana de Guantánamo, revelou hoje um refém espanhol libertado.

Esta declaração consta de um relato hoje publicado pelo jornal espanhol El Mundo sobre a experiência do jornalista Javier Espinosa, que durante 194 dias foi mantido como refém pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Espinosa, que era o prisioneiro número 43, acabaria por ser libertado em março de 2014.

No texto, o repórter espanhol descreve como ficou preso durante vários meses numa localidade a norte de Alepo (norte da Síria), com 22 europeus, americanos e uma refém latino-americana, cuja identidade não revela.

Segundo Espinosa, o EI reuniu os reféns internacionais, trabalhadores humanitários ou jornalistas, numa única prisão que funcionava como uma réplica de Guantánamo, uma base militar norte-americana em solo cubano onde estão detidos os suspeitos de terrorismo e os suspeitos capturados no Afeganistão.

Sobre esta questão concreta, o repórter espanhol cita o jornalista norte-americano James Foley, o seu companheiro de cela que foi sequestrado em novembro de 2012 e executado em agosto de 2014.

De acordo com Espinosa, citando informações de Foley, o objetivo era reunir todos os ocidentais numa prisão de alta segurança, com câmaras de vigilância e muitos guardas.

O jornalista do El Mundo, que foi libertado ao mesmo tempo com o seu colega Ricardo Garcia Vilanova (repórter fotográfico) e com o jornalista do Periodico de Catalunya Marc Marginedas, explica ainda os motivos pelos os quais permaneceu em silêncio após a sua libertação.

Espinosa afirma que os seus guardas, durante o cativeiro, ameaçaram executar outros reféns caso ele falasse.

Do grupo de 23 reféns, segundo escreve Javier Espinosa, 15 foram libertados, seis executados e uma cidadã norte-americana, Kayla Mueller, foi morta em fevereiro passado, durante um raide aéreo norte-americano, segundo o EI.

A situação do repórter fotográfico britânico John Cantlie, que também estava detido no mesmo local, continua incerta. Os jihadistas divulgaram recentemente um vídeo que mostrava John Cantlie com vida.

No texto hoje publicado, o repórter do El Mundo fala igualmente sobre os atos de tortura física e psicológica que sofreu durante vários meses. Espinosa relata, por exemplo, as simulações de execuções e de decapitações que eram feitas por três guardas de rosto coberto, jihadistas que eram conhecidos entre os reféns como Beatles.

Estes guardas obrigaram também os reféns a ver as fotografias da execução de um refém russo, o engenheiro Serguei Nicolayevitch Gorbounov, sequestrado em outubro de 2013 e assassinado em março de 2014, segundo Espinosa.

O repórter espanhol refere ainda que todos os guardas manifestavam um «ódio doentio» contra o Ocidente e que consideravam que todos os jornalistas trabalhavam para os serviços secretos.

Os jihadistas do EI, combatentes que iniciaram em junho de 2014 uma grande ofensiva e que se assumem como participantes numa «guerra santa», proclamaram um «califado» nos vastos territórios que controlam, na Síria e no Iraque.

 
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