Brasileiros em Portugal exigem destituição de Temer e eleições antecipadas - TVI

Brasileiros em Portugal exigem destituição de Temer e eleições antecipadas

  • ALM com Lusa
  • 2 ago 2017, 23:12
Violência marca protestos contra Temer

Sessão da câmara baixa brasileira, em que será votada a admissibilidade, ou não, de um processo contra o presidente do Brasil, Michel Temer, já teve início

Ao som de gritos de “Fora Temer!”, cerca de 20 brasileiros a viver em Portugal manifestaram-se hoje no Largo Camões, em Lisboa, para exigir a demissão do presidente em funções, que dizem não ter legitimidade, e eleições gerais imediatas.

“Eleições gerais já” era a exigência pintada a letras garrafais numa faixa que os membros do Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa, que convocou o protesto, seguravam no meio do Largo Camões, enquanto gritavam palavras de ordem como ‘Fora Temer’ contra o presidente brasileiro, que querem ver afastado do cargo.

“Não há legitimidade e era preciso que tivessem, e é isso que estamos defendendo, eleições gerais e já, convocadas por Dilma Roussef, que deve restituir o seu mandato, porque ficou comprovado que ela não tinha responsabilidade [nos crimes de que era acusada]. Esperamos que ela retorne, assuma o comando do executivo e convoque eleições gerais e já”, disse à Lusa Nilton de Sousa, membro do Coletivo Andorinha.

O ativista disse que “ficou demonstrado que ela [Dilma Roussef] não teve responsabilidade nenhuma e foi destituída” e que agora que Michel Temer “está coberto de denúncias, não é investigado”, pelo congresso que “teve a petulância de destituir a presidente sem crime de responsabilidade”.

Nilton de Sousa acusou Michel Temer de destruir “o mínimo” que o Brasil tinha de Estado de direito, e de obrigar a população brasileira a viver numa “situação completamente opressiva”.

Naire Valadares, brasileira a viver em Portugal há vários anos, membro do Coletivo Andorinha, e que se considera para o grupo a “andorinha mãe, talvez até a andorinha avó”, tendo em conta a sua idade, brincou, explicando que a sua presença no protesto de hoje se soma a muitos protestos anteriores, cá e no Brasil.

Resistente da ditadura militar no Brasil, que durou mais de duas décadas, entre 1964 e 1985, lembrou as lutas que travou enquanto estudante de Direito, mas entre esses tempos e os dias que o Brasil vive hoje só encontra uma semelhança: “o golpe” [de Estado, que imputam a Michel Temer pela destituição de Dilma Roussef].

“A semelhança que vejo é só o golpe, mas as diferenças existem e existe uma grande diferença. Lá atrás, não é ser saudosista, a gente resistia. Havia as guerrilhas e uma série de ações para combater a ditadura. Eu acho que o povo está muito acomodado e isso eu credito muito à mídia, especialmente à rede Globo, à revista Veja e também às igrejas evangélicas”, disse Naire Valadares.

A ativista manifestou-se “extremamente apreensiva” com a influência das igrejas evangélicas no povo brasileiro.

“Uma das coisas que me deixa extremamente apreensiva é essa questão do fundamentalismo. A partir do momento que se quebra todos os canais, que se tira todos os programas sociais, as pessoas só têm essa via para se informar e aprender”, disse.

Também Nilton de Sousa denunciou aquilo que considera ser uma “contaminação da justiça e da imprensa” no Brasil, considerando um erro procurar informação sobre a situação brasileira entre aquela que é produzida pelos órgãos de comunicação social brasileiros.

Entende também que a justiça “perdeu o sentido pleno no Brasil”, acusando o sistema de justiça do seu país de origem de fazer uma “perseguição seletiva”, dando como exemplo o caso do ex-presidente Lula da Silva, com quem o protesto de hoje se solidarizou, e que Nilton de Sousa diz ser vítima de “uma denúncia infundada”.

Naire Valadares declara-se apoiante de Lula, diz que em todas as eleições votou nele, ainda que admita que o antigo presidente possa ter cometido erros.

“Não vou dizer que é santo”, disse, acrescentando que “Lula é uma figura que incomoda bastante, e que se não incomodasse não teria chegado onde chegou”.

A sessão da câmara baixa brasileira, em que será votada a admissibilidade ou não de um processo contra o Presidente do Brasil, Michel Temer, já teve início.

Continue a ler esta notícia