Denis Mukwege e Nadia Murad distinguidos com o prémio Nobel da Paz - TVI

Denis Mukwege e Nadia Murad distinguidos com o prémio Nobel da Paz

Comité justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo

Denis Mukwege e Nadia Murad foram hoje distinguidos com o prémio Nobel da Paz, foi anunciado pelo Comité Nobel Norueguês. Os dois ativistas foram distinguidos pelos seus esforços para travar a violência sexual como arma em conflitos armados.

De acordo com o comunicado do Comité, o médico congolês dedicou a vida a defender as vítimas de violência sexual durante o tempo de guerra, enquanto a ativista de direitos humanos testemunhou esses abusos na primeira pessoa. 

O Comité justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.

Denis Mukwege, com 63 anos, é um médico ginecologista congolês que tem desenvolvido uma ação humanitária na República Democrática do Congo, onde trata mulheres vítimas de violação.

O médico é um dos maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados por violação e no seu hospital em Bukavu trata mulheres que foram violadas por milícias na guerra civil do Congo.

Durante os 12 anos de guerra tratou mais de 21.000 mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de 10 cirurgias por dia.

Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014) e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015.

Nadia Murad é uma ativista de direitos humanos yazidi e é, desde setembro de 2016, a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Murad, então com 21 anos, foi sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em agosto de 2014 e mantida como escrava sexual na cidade de Mossul.

Nadia Murad fugiu em novembro de 2014, conseguindo chegar a um campo de refugiados no norte do Iraque, e, em seguida, a Estugarda, na Alemanha.

Desde então tem sido porta-voz da causa yazidi, tal como a sua amiga Lamia Haji Bachar, com a qual venceu, em conjunto, o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016.

Estima-se que mais de 3.000 yazidis permaneçam desaparecidos.

No ano passado, o prémio foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), pelo trabalho feito para a eliminação de armamento nuclear no mundo.

Bruxelas felicita "trabalho nobre" 

A Comissão Europeia felicitou hoje os vencedores do prémio Nobel da Paz, o médico congolês Denis Mukewe e a ativista yazidi de direitos humanos Nadia Murad, pelo “trabalho verdadeiramente nobre” contra a violência sexual como arma de guerra.

"Damos as mais sinceras felicitações aos vencedores do prémio Nobel da Paz, Denis Mukewe e Nadia Murad, pelo seu trabalho verdadeiramente nobre de luta contra o uso da violência sexual como uma arma de guerra”, disse a porta-voz do executivo comunitário Natasha Bertaud.

Os dois vencedores no Nobel foram também já galardoados, pelo Parlamento Europeu, com o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, Nadia Murad em 2016 e Denis Mukewe em 2014.

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