Água da torneira contaminada com plástico no mundo inteiro - TVI

Água da torneira contaminada com plástico no mundo inteiro

  • VC
  • 6 set 2017, 12:51
Água

Jornal britânico "The Guardian" publicou uma investigação da Orb Media que fez análises nos cinco continentes. Resultados dão para assustar

Beber água da torneira, em vez de comprar água engarrafada, é um hábito de muitas pessoas. É potável (não em todos os países), por isso nada contra. Mas uma investigação vem agora sacudir esta teoria com plástico. Sim, plástico. Partículas desse material foram encontradas em 83% das amostrar retiradas em torneiras de todo o mundo.

O jornal britânico The Guardian publica a investigação da Orb Media, dando conta que os cientistas estão a estudar, com urgência, as implicações para a saúde destes resultados. As recolhas foram analisadas pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos.

Os EUA tiveram a maior taxa de contaminação, com 94%. Fibras de plástico foram encontradas na água da torneira mesmo em edifícios como o Congresso, a sede da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e a Trump Tower, em Nova York. Líbano e Índia são outros dois países com percentagens críticas.

Na Europa, Reino Unido, Alemanha e França têm a menor taxa de contaminação, mas ainda assim elevada, de 72%. O número médio de fibras encontradas em cada amostra de 500 ml varia de 4,8 nos EUA para 1,9 no Velho Continente. O estudo, pelo menos a parte acessível online, não detalha o caso português.

A garantia que tem sido dada é que é seguro beber água da torneira em Portugal. A chefe da divisão de engenharia sanitária do LNEC, Maria João Rosa, disse hoje à TSF que este alerta deve servir para se levarem a cabo mais estudos, mas continua a dizer que as pessoas podem beber água da torneira.

De ondem vêm os microplásticos?

É a primeira vez que um estudo desta envergadura conclui que a água das torneiras está contaminada nos cinco continentes. A poluição dos oceanos a este nível já era conhecida, mas não nos canos que temos nas nossas próprias casas. 

Há duas preocupações essenciais a ter em conta depois destas revelações, explicou ao The Guardiam a especialista em microplásticos Sherri Mason, da Universidade Estadual de Nova York em Fredonia, que supervisionou as análises da Orb Media: partículas de plástico muito pequenas e os produtos químicos ou patogénicos que os microplásticos podem conter, atraindo bactérias que vivem nas águas residuais.

Se as fibras estão lá, é possível que as nanopartículas estejam lá também, que não possamos medir. Já que estão no alcance do nanómetro, podem realmente penetrar uma célula e isso significa que podem penetrar órgãos, e isso seria preocupante".

 

E os sistemas de tratamento de água não conseguem filtrar os microplásticos? Esse é o problema: não totalmente. "Não há nenhum lugar onde possamos dizer que estão filtrados a 100%".

Outro problema acrescido é que a água engarrafada pode não ser uma alternativa livre de microplásticos, já que também foram encontradas partículas em algumas amostras, pelo menos nos Estados Unidos.

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