O Brasil conquistou a Copa América no papel de anfitrião pela quinta vez, conquistando o seu nono troféu, com uma vitória sobre o Peru, por 3-1, na final no Maracanã. A seleção «inca» ofereceu mais resistência do que o jogo na fase de grupos em que acabou goleada por 5-0, mas acabou por ceder à boa organização da equipa de Tite e à técnica apurada dos jogadores da canarinha que, mesmo com dois revezes, acabaram por desmontar a boa organização do onze de Gareca.
Tite repetiu o mesmo onze que tinha apresentado frente à Argentina, com Alex Sandro a manter-se no lado esquerdo da defesa e um ataque móvel com o tridente Gabriel Jesus, Everton e Firmino que contou ainda com o apoio direto de Coutinho. O Peru apresentou-se bem organizado em campo, concentrado em fechar todos os caminhos para a baliza de Gallese e, numa fase inicial, com sucesso, com os extremos, desta vez com Carrillo na esquerda, a darem apoio aos laterais.
O Brasil assumiu-se, desde logo, como condutor do jogo, mas, em conseguir imprimir velocidade, também não conseguia profundidade. O Peru sentiu-se confortável e até ensaiou alguns ataques antes de, aos 15 minutos, ser surpreendido num lance simples, mas extremamente eficaz do Brasil. Dani Alves, sobre o corredor direito, lançou Gabriel Jesus que, com um bom movimento, deixou Advíncula nas covas e cruzou para o segundo poste onde surgiu Everton, sem marcação, a encostar.
Parecia estar meio caminho andado para a conquista do troféu, até porque, até aqui, Alisson ainda não tinha consentido um único golo. O Brasil cresceu a olhos vistos depois do golo, com uma confiança reforçada que permitiu aos seus jogadores soltarem ainda mais talento, abafando por completo uma tentativa de reação dos peruanos. Coutinho e Firmino tiveram oportunidades claras para ampliar a vantagem, mas os últimos instantes acabariam por ser bem animados.
Num lance aparentemente inofensivo, Thiago Silva, em desequilíbrio, procurou apoio no relvado e acabou por cortar uma bola com a mão. O árbitro apontou de imediato para a marca de grande penalidade, mas ainda foi rever as imagens antes de confirmar o castigo máximo, convertido por Guerrero. O avançado do Internacional, melhor marcador da Copa América em atividade, empatou o jogo e deixou a prova que, Alisson, afinal, não era imbatível. Um golo que podia motivar o Peru, mas a verdade é que o Brasil empatou logo a seguir, já em tempo de compensação, com Arthur a progredir pela zona central até servir Gabriel Jesus que atirou a contar. Em apenas dois minutos, o Brasil recuperava a vantagem e voltava a baixar as expetativas do Peru.
Novo revés para o Brasil
Se havia dúvidas quanto à diferença de qualidade entre as duas seleções, o Brasil fez questão de as desfazer no início da segunda parte, com um futebol solto, jogado ao primeiro toque a provocar constantes desequilíbrios na defesa andina. Carrillo mudou para o flanco direito e Advíncula, antigo lateral do V. Setúbal, passou a ter muito mais dificuldades para travar Alex Sandro e Firmino no seu corredor. O Brasil tinha tudo na mão para matar esta final, Coutinho e Firmino, este por duas vezes, estiveram muito perto do terceiro golo, mas o Brasil acabaria por sofrer mais um revés.
Numa disputa de bola, Gabriel Jesus saltou sobre um adversário e viu um segundo cartão amarelo, de certa forma exagerado da parte do árbitro, mas a verdade é que o Brasil ficou reduzido a dez quando ainda faltavam vinte minutos para o final. Tite foi rápido a reagir e foi montando a equipa no sentido de lhe dar maior segurança defensiva, com a entrada de Richarlison para a frente e a estreia de Éder Militão na defesa. Ricardo Gareca também reagiu, mas em sentido contrário, prescindindo dos dois pivots, Yotún e Tapia para lançar primeiro Ruidíaz e depois Christopher Gonzalez.
O Peru ainda esboçou uma reação, com destaque para uma bomba de Flores fora da área, mas a partir daqui houve pouco futebol. O Brasil ficou totalmente focado em manter a bola longe da área de Alisson diante de um Peru que desesperava para a fazer chegar à frente. Os canarinhos levaram a melhor e foi mesmo na área do Peru que esta final ficou resolvida já perto do final. Carga de Zambrano sobre Everton e mais uma grande penalidade, desta vez convertida por Richarlison. Estava encontrado o novo campeão da Copa América. Ao fim de doze anos de jejum, o Brasil volta a conquistar o troféu sul-americano pela nona vez, a quinta no papel de anfitrião.