“Porque partem as pessoas? Porque perderam toda a esperança após cinco anos de conflito e só veem um vencedor, o Daesh (acrónimo árabe do Estado Islâmico)”
Staffan de Mistura, numa conferência de imprensa em Bruxelas, lembrou assim que a população está abandonada às mãos do grupo extremista Estado islâmico.
O grupo extremista realizou nos últimos tempos conquistas territoriais que “deveriam ter acordado todo o mundo”.
Recorde-se que só com a imagem de Aylan, a criança de três anos cujo corpo deu à costa numa praia turca, é que o mundo despertou para o problema mais a sério.
E, a partir daí, gerou-se uma onda de solidariedade na sociedade civil e os líderes políticos também renovaram apelos ou cederão à pressão para tal, dependo dos casos. O Reino Unido foi um deles: David Cameron aceitou acolher 20 mil refugiados até 2020, uma ajuda pequena quando comparada com a da Alemanha, por exemplo, que num só fim de semana recebeu cerca de 12 mil pessoas.
França prontificou-se a receber 24 mil refugiados ao longo dos próximos dois anos. Portugal poderá acolher 3.000 pessoas, mas só a Igreja já disse que tem capacidade para prestar ajuda a 4.000 refugiados.
O alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), o português António Guterres, lamentou hoje a a assistência "completamente insuficiente e desorganizada" nos países europeus e as "condições dramáticas" em que vivem os refugiados.
"É verdadeiramente inadmissível e a Europa tem a obrigação de oferecer um mecanismo eficaz de recepção, de triagem de necessidades e de registo e, depois, com a disponibilidade necessária de todos os países europeus, de receber estas pessoas com dignidade e lhes proporcionar um futuro", defendeu.