Fundador da WikiLeaks detido em Londres após sete anos na embaixada do Equador - TVI

Fundador da WikiLeaks detido em Londres após sete anos na embaixada do Equador

Governo equatoriano retirou o asilo a Julian Assange e convidou a polícia inglesa a deter o ativista australiano, que foi retirado à força da embaixada

O fundador da WikiLeaks, Julian Assange, foi detido, nesta quinta-feira, pela polícia inglesa, depois de sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, anunciou a polícia metropolitana.

O governo equatoriano retirou o asilo a Julian Assange, comunicando de imediato a sua decisão à polícia inglesa, que "convidou" a deslocar-se à sua embaixada na capital inglesa. O "convite" foi confirmado pelas autoridades britânicas, que levaram Assange depois deste ter sido retirado à força da embaixada, como se pode ver no vídeo abaixo, ao contrário do que foi alegado pelo Equador, de que teria saído pelo próprio pé.

Isso mesmo foi denunciado pela WikiLeaks.

Sobre Julian Assange, 47 anos, recaía um mandado de detenção emitido em 29 de junho de 2012 pelas autoridades britânicas, sublinha a polícia inglesa, que, entretanto, atualizou o seu comunicado sobre a detenção, dizendo que, à chegada à esquadra londrina, às 10:53, o ativista australiano foi alvo de um mandado de extradição em nome das autoridades dos Estados Unidos.

O fundador da WikiLeaks foi já presente a um juiz, que ouviu Assange e considerou-o culpado por ter violado os termos da sua liberdade condicional, uma acusação que pode resultar numa pena de até 12 meses de prisão no Reino Unido.

As acusações norte-americanas relativas à publicação de dezenas de milhares de documentos governamentais secretos poderão levar a uma batalha judicial para tentar extraditá-lo para os Estados Unidos.

O presidente do Equador justificou a retirada do asilo a Julian Assange na sequência de "repetidas violações das convenções internacionais".

Lenín Moreno, citado pela agência Reuters, disse ter a garantia do Reino Unido de que Assange "não será extraditado para um país onde poderá enfrentar a pena de morte".

Desde outubro do ano passado que Assange, fundador da organização que divulgou documentos, fotos e informações confidenciais sobre negócios obscuros de governos, multinacionais e fortunas pessoais, estava sob ameaça de expulsão da embaixada do Equador em Londres.

O fundador da WikiLeaks chegou a avançar com um processo contra a embaixada que o acolheu, depois de, alegadamente, o Equador ameaçar "remover a sua proteção" e "interromper o seu acesso ao mundo exterior", violando "os seus direitos fundamentais". Então, segundo os representantes de Julian Assange, a embaixada recusou que jornalistas e organizações de direitos humanos o pudessem ver e terá instalado bloqueadores de sinal para evitar telefonemas e o acesso à internet.

Julian Assange refugiou-se na representação diplomática equatoriana em junho de 2012 para evitar a extradição para a Suécia, onde as autoridades investigavam alegadas práticas de crimes sexuais contra duas mulheres, em 2010. Considerando que não havia perspetivas de extraditar Assange para a Suécia num futuro próximo, os procuradores suecos acabaram por arquivar o processo em 2017

Mas o fundador da WikiLeaks temia também a extradição para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar uma pena de prisão perpétua ou mesmo pena de morte.

Em 2010, a WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com ações militares dos Estados Unidos no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.

Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que embaraçou Washington.

Leia aqui a acusação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Julian Assange (em inglês)

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