Um relatório conjunto da agência internacional humanitária Serviços de Auxílio Católico (EUA) e da associação Repórter Brasil denunciou na quarta-feira situações de trabalho forçado que qualifica de “escravatura” em 15 fazendas produtoras de café no Brasil.
A investigação baseou-se em entrevistas com os trabalhadores do campo, produtores, sindicalistas, fiscais e inspetores do trabalho de 15 fazendas de café que apareceram na “lista negra” por exploração de mão-de-obra do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil em 2013.
São descritos trabalhadores agrícolas “submetidos a trabalhos forçados, extenuantes, sob condições degradantes e servidão por dívida” que o Governo considera como “condições análogas às da escravidão”. Segundo o mesmo relatório, os trabalhadores eram sujeitos a jornadas de trabalho de 11 horas, viviam habitações sem casa de banho ou caixotes de lixo e água de cor amarelada não apta para o consumo humano.
Os trabalhadores de cinco das fazendas foram vítimas de servidão por dívidas e não lhes era permitido sair dos prédios em que trabalhavam devido às dívidas contraídas pela alimentação, viagens ou alojamento.
O relatório reconhece, contudo, que o trabalho forçado no setor do café do Brasil não se encontra generalizado, mas lamenta que seja "provável que nem todos os casos sejam reportados".
Só podemos documentar estes casos porque o Brasil tem leis laborais progressistas, uma imposição da lei agressiva e um profundo compromisso com a transparência. Não devemos castigar o Brasil por tornar esta informação disponível; devemos agradecer-lhe", indicou o porta-voz dos Serviços de Auxílio Católico, Michael Sheridan.
Os investigadores advertiram que "práticas similares" foram documentadas noutros países produtores de café.