Autoridades militares norte-americanas deram já como terminado o raide levado a cabo contra instalações sírias, que sustentam produzir armamento químico, e anunciaram que a ofensiva, para já, está terminada. A Rússia já reagiu considerando que este foi um "ato de agressão contra um estado soberano" e pediu uma reunião de emergência ao Conselho de Segurança da ONU.
Numa comunicação iniciada cerca das 3:00 da madrugada de sábado em Lisboa, uma hora após o presidente norte-americano ter anunciado a ofensiva, o Pentagono revelou que três alvos foram atingidos:
- Um centro de pesquisa científica em Damasco, supostamente ligado à produção de armas químicas e biológicas;
- Uma instalação de armazenamento de armas químicas a oeste de Homs;
- Um armazem supostamente de equipamentos e um importante posto de comando, também perto de Homs.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, comunicou não haver relatos de baixas na ofensiva.
Neste momento, esta foi uma operação única e acredito que deixou uma mensagem muito forte", disse Mattis, acrescentando que a primeira ofensiva terminou.
Na comunicação à imprensa, conjunta com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Joseph Dunford, foi adiantado que a Rússia não foi avisada da ofensiva, que, segundo Donald Trump, seria de "ataques precisos" contra instalações supostamente de fabricação e armazenamento de material quimico.
Joseph Dunford afirmou que a coligação norte-americana, britãnica e francesa tudo fez para minimizar a hipótese de causar baixas entre as forças russas presentes na Síria.
Além do disparo de mísseis Tomahawk - numa quantidade duas vezes superior aos 59 usados no ataque no ano passado, segundo o secretário Mattis - quatro aviões britânicos Tornado GR4 alvejaram instalações perto da cidade de Homs.
Também aviões franceses participaram nos raides, tendo a presidência francesa divulgado imagens da descolagem.
Décollage, cette nuit, des forces armées françaises qui interviennent contre l’arsenal chimique clandestin du régime syrien. Déclaration du Président de la République @EmmanuelMacron : https://t.co/HNSK0FmZIO pic.twitter.com/DEAW7R50aC
— Élysée (@Elysee) 14 de abril de 2018
Resposta de Damasco
A ofensiva contra alvos na Síria foi levada a cabo por uma tripla aliança entre Estados Unidos, Reino Unido e França.
O exército russo afirmou que a defesa antiaérea síria conseguiu intercetar 71 dos 103 mísseis de cruzeiro lançados contra instalações do regime de Damasco pelos Estados Unidos e aliados.
Isto testemunha a grande eficácia destes sistemas [antiaéreos] e a excelente formação do pessoal militar sírio formado pelos nossos especialistas", declarou o general russo Serguei Rudskoi, em conferência de imprensa.
O general Rudskoi confirmou que os bombardeamentos dos Estados Unidos e aliados não causaram "qualquer vítima" civil ou militar.
"De acordo com informações preliminares, não se registou qualquer vítima entre a população civil ou entre as forças armadas sírias", declarou.
De acordo com as forças armadas russas, um total de 103 mísseis de cruzeiro foram disparados pelos Estados Unidos, França e Reino Unido, incluindo mísseis Tomahawk, e 71 foram intercetados pela defesa antiaérea síria, equipada com sistemas de conceção soviética.
Através dos canais na internet surgiram vídeos que mostram aparentemente as defesas anti-aéreas sirias a ripostarem aos ataques.
Footage from #Damascus shows air defence missiles being launched. Location not specified. #SyriaStrikes pic.twitter.com/EqTUYBeNq0
— Riam Dalati (@Dalatrm) 14 de abril de 2018
Trump anunciou
O anúncio da ofensiva foi feito pelo presidente norte-americano Donald Trump na noite de sexta-feira, em Washington (às 2:00 da madrugada de sábado, em Lisboa).
Trump revelou que os ataques aéreos seriam precisos e localizados contra instalações que os norte-americanos consideravam sustentar a produção de armamento quimico da Síria.
Os raides surgiram como resposta ao alegado ataque químico da semana passada em Douma, cidade síria que deverá receber este sábado peritos independentes, a fim de investigarem a situação.
Uma operação combinada com as forças armadas da França e do Reino Unido está em curso", afirmou Trump falando aos norte-americanos.
Momentos depois de Trump, foi a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, a confirmar o envolvimento britânico, através de uma nota do seu gabinete, onde assumia que "não há alternativa viável ao uso da força".
Também a presidência de Emmanuel Macron confirmou posteriormente estar em curso a ofensiva, com a participação de meios militares franceses.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 14 de abril de 2018
"Crimes de um monstro"
Os ataques aéreos, segundo Donald Trump, foram ordenados visando "alvos associados à capacidade de armas químicas" do governo sírio.
Segundo o presidente norte-americano, o objetivo é o de "estabelecer um forte impedimento contra a produção, disseminação e uso de armas químicas".
As greves foram ordenadas "por alvos associados à capacidade de armas químicas" do governo sírio, disse Trump.
O presidente dos EUA disse que o objetivo era "estabelecer um forte impedimento contra a produção, disseminação e uso de armas químicas".
Estas não são as ações de um homem, elas são os crimes de um monstro", disse Trump sobre o presidente sírio, Bashar al-Assad.
A Síria negou a realização do ataque e sua aliada, a Rússia, advertiu que os ataques militares ocidentais poderão iniciar uma escalada de guerra.
Mas entretanto, a administração norte-americana divulgou um comunicado, segundo o qual "crê com confiança" que o governo sírio usou armas químicas no ataque levado a cabo na passada semana contra a cidade de Douma.
BREAKING: White House releases a statement saying the US "assesses with confidence" Syria's government used chemical weapons in Douma - @DanLinden pic.twitter.com/bRspwoNsyD
— Conflict News (@Conflicts) 14 de abril de 2018
Rússia "ameaçada"
Face aos ataques contra a Síria, a Rússia tomou uma primeira posição através do seu embaixador nos Estados Unidos, Anatoly Antonov.
As nossas maiores apreensões tornaram-se realidade. Os nossos avisos não foram ouvidos.O cenário pré-concebido está a ser implementado.Mais uma vez, estamos a ser ameaçados. Advertimos que tais ações não deixarão de ter consequências. Toda a responsabilidade cabe a Washington, Londres e Paris. Insultar o presidente da Rússia é inaceitável e inadmissível. Os Estados Unidos - que possuem o maior arsenal de armas químicas - não têm moral para censurar outros países", escreveu a diplomacia russa através da rede Twitter.
Statement by the Ambassador Antonov on the strikes on #Syria:
A pre-designed scenario is being implemented. Again, we are being threatened. We warned that such actions will not be left without consequences.
All responsibility for them rests with Washington, London and Paris. pic.twitter.com/QEmWEffUzx
— Russia in USA 🇷🇺 (@RusEmbUSA) 14 de abril de 2018
Mais tarde foi a vez de Putin emitir um comunicado, onde afirmou que os ataques à Síriaforam realizados sem qualquer enquadramento legal e constituem um “ato de agressão contra um estado soberano”.
Os ataques com mísseis foram realizados "sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, em violação da Carta das Nações Unidas e de normas e princípios do direito internacional" e constituem "um ato de agressão contra um Estado soberano que está na vanguarda da luta contra o terrorismo", refere Putin em comunicado. Entretanto, Moscovo já pedi uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Edifícios atingidos "não era usados há muito tempo"
O porta-voz do Comando Geral do exército sírio, Ali Maihub, indicou que os Estados Unidos, a França e o Reino Unido lançaram um total de 110 mísseis e garantiu que as forças de defesa antiaérea destruíram "a maioria" dessas armas. A mesma fonte acrescentou que outros mísseis não foram intercetados e atingiram um centro de investigação, no qual se encontra um laboratório científico e um centro educativo, só tendo sido registados danos materiais.
Estes edifícios "não são usados há muito tempo e não estava nada no interior, nem pessoal, nem material", precisou Rudskoi.
Consideramos que estes bombardeamentos não são uma resposta a um imaginário ataque químico, mas uma reação ao êxito das forças sírias na libertação do seu território do terrorismo internacional", disse.