Málaga: encontrado cabelo do bebé de dois anos no furo - TVI

Málaga: encontrado cabelo do bebé de dois anos no furo

Restos biológicos de Julen vem deitar por terra a teoria de que o menino poderia não estar no poço. Pai garante que filho caiu no furo: "Oxalá fosse impossível que estivesse neste poço"

As equipas de resgate encontraram cabelo da criança que caiu no furo com mais de 100 metros, no domingo, em Málaga, confirmaram fontes próximas à investigação citadas pelo Diario SUR.

Já foram realizadas análises ADN que confirmar que o cabelo encontrado pela Guardia Civil na areia do furo pertence a Julen, deitando assim por terra a teoria de que o menino poderia não estar no poço.

A descoberta desta quarta-feira, numa altura em que passam mais de 60 horas desde o desaparecimento de Julen, acontece depois de terem sido encontrados dentro do furo o saco com doces e um balde com que o menino brincava. 

Agora, os responsáveis pelos trabalhos de resgate deram ordem para meter todas as opções de busca em marcha, ou seja, ao mesmo tempo as autoridades vão tentar sugar o tampão de terra que bloqueia o furo aos 73 metros, vão construir o furo paralelo e fazer um túnel perpendicular na descida da montanha.

"Estamos mortos"

Esta quarta-feira de manhã, o pai de Julen falou pela primeira vez frente às câmaras, agradecendo a todos os que o têm apoiado, quer às autoridades, quer às empresas, e deixou um apelo: "Que não parem os trabalhos até que se tire o menino dali de dentro".

"Quero agradecer a todos pelo apoio que nos estão a dar (...) Sei que estão a trabalhar sem parar para tentar encontrar Julen. Se fiz alguma queixa, foi para que tivessem mais meios. Infelizmente, a maquinaria que temos agora, não a tivemos no primeiro momento", afirmou José Rosello, ladeado por Juan José Cortés, pai de Mariluz, a menina que desapareceu e foi assassinada em 2008 em Huelva.

Apesar de já terem passado quase 72 horas desde o acidente, José garante que continua com a "esperança" de que o filho esteja vivo. 

"Temos a esperança de que não está morto, mas nós estamos. Parece que estamos aqui há meses. Está a ser eterno. A minha mulher está desfeita. Estamos mortos, mas com a esperança de que temos um anjo que nos vai ajudar a que o meu filho saia daqui o mais rápido possível", acrescentou José, dizendo que se mantém forte por "saber" que vai ver o "filho com vida".

Sobre os restos biológicos encontrados pela manhã, José garantiu que "para muitos pode ter sido uma surpresa", mas para eles "não é": "Já o sabíamos".

"Oxalá fosse impossível que estivesse neste poço"

Antes de falar aos jornalistas, o pai de Julen deu, na terça-feira, uma entrevista ao Diário SUR para acabar com os comentários de que a criança não caiu no furo e pedir mais meios para tentar resgatar o filho. 

"O meu filho está aqui, que ninguém duvide disso. Oxalá fosse impossível que estivesse neste poço, como já ouvi. Quem me dera que fosse eu que estivesse enterrado ali em baixo e ele estivesse aqui em cima, com a mãe", afirmou José, destroçado, no local onde está desde domingo, sem dormir, para acompanhar as buscas por Julen.

José, de 29 anos, explicou ainda como tudo aconteceu e garantiu que a prima, que "estava mais próxima do furo", viu com clareza "o menino a cair no buraco".

"Tínhamos ido passar um dia no campo numa terra do noivo da minha prima, que a estava a inaugurar porque iam começar as obras. Estavam eles, a filha, que também tem dois anos e meio (a idade de Julen), a minha mulher, o menino e eu. Estávamos a preparar uma paella. Eu estava a meter lenha nho fogo, a minha mulher pegou no telemóvel para avisar que não ia trabalhar. Ela estava com o Julen e pediu-me que lhe deitasse um olho enquanto telefonava. O menino estava a uns quatro ou cinco metros. Eu fui buscar um par de troncos e o menino começou a correr", conta.

O alerta foi dado pela prima que começou a gritar. Pouco depois, viu o filho cair no furo e garante que quando percebeu o que tinha acontecido o menino estava a uns 10 ou 15 metros de profundidade.

Segundo José, a prima está "destroçada".

"Viu como o Julen caia de pé pelo furo, com os braços para cima. Eu cheguei logo a seguir. Tirei as pedras [que tapavam o furo] como pude e meti o braço até ao ombro, com a cabeça apoiada no chão, para tentar alcançá-lo, porque não sabia a profundidade do furo e acreditava que estava próximo. Ouvi-o chorar. Só lhe pude dizer: «está tranquilo, o pai está aqui e o mano vai-nos ajudar».

Enquanto tentava chegar ao filho, mandou a prima e o noivo descer o monte para chamarem ajuda, mas com os nervos estes não conseguiram e acabou por ser um casal de caminhantes que telefonou para o serviço de emergência.

O pai lamenta que as pessoas duvidem da possibilidade do menino, que pesa 11 quilos, ter caído no furo e garante que ninguém tirou as pedras que tapavam o buraco, "mas vê-se que estas não estavam bem postas e o Julen calcou-as e caiu por entre elas". 

"Não se pode insinuar estas coisas, é muito duro. Sou o primeiro que, quando ocorre um crime ou algo feio, o condeno. Eu entendo, mas quando virem o erro deles... Só quero o meu filho comigo, espero tê-lo em breve. E quando tiver, eles vão dar-se conta. Não se deveria especular sobre nada, mas com isto muito menos. Eu sei que sou um bom pai... Tinha o meu coração partido em mil pedaços e agora tenho-o partido em três mil". 

Os pais de Julen, que estão acompanhados por uma equipa de psicólogos, têm passado os dias e noites num carro junto do furo onde caiu o menino numa tentativa de estar mais perto de Julen.

"Onde vou estar se não aqui? Aqui, onde estou. E, ainda assim, estou muito longe dele", reiterou.

O dispositivo empenhado nas buscas é composto por membros dos Bombeiros de Málaga (CPB), da Guardia Civil - incluindo a Equipa de Resgate e Intervenção de Montanha -, o Grupo de Especialidades Subaquáticas (GEAS), a Polícia Nacional e local, a Empresa Pública de Emergências Sanitárias (EPES), o Grupo de Intervenção Psicológica em Emergências e Desastres (Giped) do Colégio de Psicólogos de Andaluzia, técnicos do centro de coordenação de emergências de Málaga, oito membros da Brigada Central de Salvamento Mineiro de Hunosa, e um técnico da empresa Stockholm Precision Tools AB que localizou, em agosto de 2010, os 33 mineiros que ficaram presos numa mina no Chile.

Segundo o coronel da Guardia Civil em Málaga, Jesús Esteban, mais de 60 empresas de todo o mundo ofereceram ajuda para as buscas e, atualmente, estão 12 equipas na zona que trabalha sob a supervisão de uma equipa cordenada pelo Colégio de Engenheiros.

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